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Biden sanciona Rússia e expulsa diplomatas, mas faz aceno a Putin

15/04/2021 23h12

Washington, 15 abr (EFE).- O governo dos Estados Unidos impôs nesta quinta-feira uma dura bateria de sanções contra a Rússia e expulsou dez membros de sua legação diplomática por suposta espionagem cibernética e ingerência nas eleições americanas, mas por outro lado o presidente Joe Biden acenou ao Kremlin com um diálogo.

Biden emitiu uma ordem executiva proclamando uma emergência nacional "em relação à incomum e extraordinária ameaça à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos" representada pelas atividades "prejudiciais" da Rússia no exterior.

Em conversa por telefone com repórteres, funcionários do governo americano esclareceram que os EUA não estão buscando uma escalada de tensão com a Rússia, apesar destas ações.

"Não queremos uma espiral descendente, acreditamos que podemos e devemos evitar isso, mas também deixamos claro publicamente que defenderemos nossos interesses nacionais", disse um porta-voz.

Sobre os dez membros da missão diplomática russa expulsos, o governo dos EUA apenas esclareceu que entre eles há "representantes dos serviços de inteligência russos".

EMPRESAS DE TECNOLOGIA QUE AJUDAM A INTELIGÊNCIA RUSSA.

Os Estados Unidos também sancionaram seis empresas tecnológicas russas às quais acusam de apoiar a inteligência russa.

O governo americano culpou as agências espiãs russas, especificamente o Serviço Federal de Segurança, a Diretoria de Inteligência e o Serviço de Inteligência Estrangeira, pelo grande ataque cibernético contra sistemas governamentais e grandes empresas americanas através do programa SolarWinds.

Até agora, os EUA haviam apenas falado sobre suas suspeitas de que a Rússia estava por trás do ataque, supostamente iniciado em 2019, mas nesta quinta-feira garantiram que seus serviços de inteligência estão "completamente seguros" dessa acusação.

Os EUA também sancionaram 16 empresas e 16 indivíduos russos por supostamente interferirem nas eleições de 2020 nos EUA "sob ordens da liderança do governo russo".

Medidas semelhantes foram tomadas pelo governo Biden, em colaboração com União Europeia (UE), Reino Unido, Austrália e Canadá, contra cinco indivíduos, duas empresas e um centro de detenção para "a ocupação russa da região da Crimeia, na Ucrânia, e graves abusos dos direitos humanos contra a população local".

Outra das razões dadas pelas autoridades americanas para impor esta bateria de sanções é a informação sobre as recompensas oferecidas pela Rússia aos talibãs para atacar os militares americanos no Afeganistão.

Segundo os anúncios desta quinta-feira, todas as propriedades que os sancionados possam ter nos EUA estão bloqueadas, e americanos e pessoas residentes no país estão proibidos de qualquer transação com as pessoas e entidades envolvidas.

DIFICULTAR VENDA DE TÍTULOS DA DÍVIDA SOBERANA RUSSA.

Paralelamente a estas penalidades, o Departamento do Tesouro dos EUA emitiu uma ordem proibindo as instituições financeiras americanas de participar do principal mercado de títulos de dívida emitidos a partir de 14 de junho pelo banco central da Rússia e outras instituições do país.

Os funcionários do governo Biden explicaram na conversa telefônica com jornalistas que "este é o principal mercado que financia o governo russo" e onde, segundo eles, um quarto dos títulos está nas mãos de investidores estrangeiros.

Consequentemente, eles previram que impedir que os investidores americanos sejam compradores neste mercado poderia criar "um efeito paralisador mais amplo, aumentando os custos de empréstimo da Rússia, juntamente com a fuga de capitais e uma moeda mais fraca".

Biden já informou a Putin sobre essas decisões durante a conversa por telefone que tiveram nesta semana, que o próprio presidente americano descreveu quinta-feira como "sincera e respeitosa".

CÚPULA ENTRE BIDEN E PUTIN?.

Biden também propôs ao presidente russo uma cúpula bilateral nos próximos meses "em um terceiro país na Europa" para discutir a relação entre os dois países, mas Putin não respondeu a esta proposta.

"Quando falei com o presidente Putin, expressei minha crença de que a comunicação pessoal e direta entre os dois é essencial para avançar em direção a uma relação mais efetiva, e ele concordou", declarou Biden em um discurso na Casa Branca sobre a Rússia.

Ele disse que as duas nações poderiam lançar "um diálogo estratégico de estabilidade" para cooperar em áreas como controle de armas e segurança, "ameaças nucleares do Irã e da Coreia do Norte", a pandemia e a crise climática.

Biden contou ter enfatizado durante a conversa com Putin que poderia ter ido mais longe, mas optou por não fazê-lo a fim de agir proporcionalmente.

"Os Estados Unidos não estão procurando iniciar um ciclo de escalada e conflito com a Rússia. Queremos uma relação estável e previsível", disse.

Em resposta a Washington, a Rússia convocou o embaixador americano John Sullivan, e o Kremlin já advertiu na quarta-feira que as sanções não iriam ajudar na realização de uma cúpula entre Putin e Biden.