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Letalidade da Covid-19 obriga fechamento de principais cidades da Colômbia

16/04/2021 23h27

Bogotá, 16 abr (EFE).- A virulência da terceira onda de contágio pelo coronavírus, que desencadeou infecções e mortes na Colômbia nas últimas semanas, obrigou Bogotá e Medellín, as duas maiores cidades do país, a impor novas quarentenas, apesar das reclamações de setores duramente atingidos pelos confinamentos, como o comércio.

Um novo confinamento total começou hoje e durará até o fim de semana nas duas regiões mais afetadas pela emergência sanitária, bem como no departamento de Atlántico e pelo menos 40 municípios do Valle del Cauca, regiões em alerta devido à alta ocupação de unidades de terapia intensiva.

As infecções na Colômbia triplicaram na última semana para mais de 16 mil por dia, números que o país não via há mais de dois meses, quando o segundo pico da pandemia pressionou as redes hospitalares até seus limites.

Agora a crise sanitária está atingindo o país novamente, mas desta vez com maior força. Até agora, foram 2.602.719 de casos de infecção e 67.199 mortes por Covid-19, segundo epidemiologistas e especialistas em doenças infecciosas.

"A transmissão (do vírus) no momento é crítica, e o país pode entrar em colapso em uma ou duas semanas se continuarmos com este comportamento", advertiu o pesquisador Jorge Martin, professor do Instituto de Saúde Pública da Universidade Javeriana, em entrevista à Agência Efe.

Segundo Martin, há várias razões que explicam o aumento das infecções, mas as mais importantes são as interações sociais. "Aquelas grandes interações que aconteceram na Páscoa, os feriados, a falta de controle, a falta de regulamentação em um determinado momento e, é claro, o comportamento social levaram a que, em certa medida, esta situação é crítica", considerou.

Vários especialistas e assessores da área da saúde do governo concordam com ele, insistindo que a vacinação contra o coronavírus, que começou há dois meses na Colômbia, não pode ser um motivo para relaxar as medidas de biossegurança.

Desde 17 de fevereiro, 3.455.084 vacinas de Pfizer, Sinovac e AstraZeneca foram administradas no país vizinho, e 1.047.955 pessoas receberam duas doses, completando o processo de imunização. Porém, a terceira onda da pandemia já está sufocando os centros de saúde e os serviços funerários.

ALERTA VERMELHO EM BOGOTÁ.

Em Bogotá, o principal foco da pandemia na Colômbia, as autoridades ordenaram uma quarentena obrigatória pelo segundo fim de semana consecutivo para evitar o colapso das UTIs, cuja ocupação permanece acima de 78%.

A estratégia 4x3, como a prefeita Claudia López chamou a medida que permite quatro dias de trabalho no local e três dias de portas fechadas, será implementada novamente na próxima semana na cidade. A capital foi declarada em alerta vermelho hospitalar na última quarta-feira.

"Medellín, Barranquilla, Santa Marta, Cali e Bogotá, estamos em quarentena. Um esforço nacional para salvar vidas e empregos, trabalhando 4 dias e cuidando de nós mesmos 3 dias em casa. Não é um capricho, é uma ação coletiva pela vida e pela economia", declarou López nesta sexta.

Entretanto, as medidas provocaram manifestações de centenas de comerciantes descontentes com os fechamentos, alguns dos quais se declararam em "desobediência civil" e anunciaram que abririam suas instalações mesmo que seus negócios não fizessem parte das atividades essenciais permitidas.

MEDELLÍN SOFRE ESCASSEZ DE OXIGÊNIO.

Com recorde de mortes nos últimos dois dias, Antioquia é talvez a região mais afetada do país pela terceira onda de contágio. O departamento registrou ontem 114 das 380 mortes relatadas na Colômbia e 4.124 infecções.

Antioquia, no noroeste do país, é a melhor evidência da crise hospitalar que a Colômbia enfrenta. A segunda região mais desenvolvida do país, que geralmente recebe e fornece cuidados médicos a moradores de outras áreas, começou a transferir pacientes gravemente enfermos para outros lugares devido à falta de leitos de UTI.

Porém, como a situação piora em diferentes regiões, as chances de Bogotá e dos departamentos de Atlántico, Magdalena e Valle del Cauca poderem cuidar de pacientes de Antioquia estão diminuindo.

Por essa razão, as autoridades locais apertaram as restrições de mobilidade. Em Medellín, capital do departamento, uma quarentena rigorosa começou na noite desta quinta-feira e durará até as 5h da próxima segunda.

O departamento, que acumulou 424.488 infecções e 7.993 mortes, lidera junto com Bogotá e Atlántico em número diário de mortes e infecções, e teve que disponibilizar rapidamente novos leitos de terapia intensiva devido a uma preocupante lista de pacientes esperando.

O diretor de combate ao coronavírus de Antioquia, Leopoldo Giraldo, advertiu que a região também tem dificuldade de acesso aos tanques de oxigênio necessários aos pacientes graves devido a deslizamentos de terra e ao consequente bloqueio de estradas.

Tão alta é a demanda e a ocupação de cuidados intensivos que Giraldo pediu àqueles que têm cilindros de oxigênio em suas casas que não estão sendo usados que os entreguem ao fornecedor. Há outro cidadão que está necessitado e possivelmente esse oxigênio salvará sua vida", afirmou.