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Argentina prepara medidas para evitar colapso da rede hospitalar

Ministra da saúde falou sobre avanço da pandemia na Argentina - Reprodução/Argentina.gob
Ministra da saúde falou sobre avanço da pandemia na Argentina Imagem: Reprodução/Argentina.gob

EFE

30/04/2021 01h02

O medo do colapso dos hospitais, alguns dos quais já estão no limite de seus leitos de terapia intensiva, levou as autoridades da Argentina a acertar novas medidas para lidar com o número recorde de infecções e mortes por Covid-19 durante a segunda onda de contágio.

O país vizinho tem oficialmente 283.779 casos ativos de coronavírus, dos quais 23.718 foram diagnosticadas nas últimas 24 horas, de acordo com os últimos números oficiais, que também revelam que a pandemia já causou 62.947 mortes, 348 delas confirmadas de ontem para hoje.

Somente na região metropolitana de Buenos Aires (Amba), que abrange cerca de 15 milhões de habitantes entre a capital e sua faixa urbana, as UTIs do setor público e privado estão em 76,8% de sua capacidade, um número que varia de acordo com as cidades.

"Neste momento estamos com 92% de ocupação do total de camas, e dentro desses 80% em leitos de UTI, mas que em questão de horas serão ocupadas porque estão chegando duas ambulâncias com pacientes encaminhados de outras instituições", relatou à Agência Efe o diretor médico do Sanatório Santa Clara, na cidade de Florencio Varela, na província de Buenos Aires, Mario Kanashiro.

Segundo o diretor, o atual momento é o pior da pandemia. Embora em outubro o centro hospitalar tenha vivido uma situação de lotação, a situação durou só três dias, enquanto desta vez o momento crítico, com ocupação sempre acima de 90%, já dura três semanas.

Ele também advertiu que cada vez mais pacientes com menos de 60 anos de idade requerem UTI. No ano passado, essa faixa etária tinha problemas apenas em casos excepcionais.

NOVAS MEDIDAS.

Termina nesta sexta-feira a etapa de restrições decretadas no último dia 16 pelo presidente Alberto Fernández para tentar combater o aumento de casos em Buenos Aires e nos arredores. Entre as medidas, estão a proibição de dirigir à noite e o polêmico fechamento de escolas, que confrontou o governo nacional com as autoridades da capital, de oposição, que apresentaram uma liminar judicial para mantê-las abertas.

Mas o problema continua porque o número diário de casos não caiu abaixo de 20 mil. Para determinar como continuar, Fernández realizou reuniões nos últimos dois dias com os 22 governadores provinciais e o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, e espera-se que nas próximas horas sejam anunciadas novas medidas, especialmente para a Amba, que de longe é responsável pela grande maioria dos contágios.

Sobre a mesa está o que fazer com as aulas. Enquanto o governo da capital as mantém abertas convencido de que as escolas são os últimos estabelecimentos a serem fechados, nas localidades de seu entorno, que dependem do governo provincial, alinhado com Fernández, o ensino acontece na modalidade virtual há dez dias.

De acordo com relatórios, entre as novas medidas que poderiam ser acertadas para a cidade, onde não se pode andar na rua entre as 20h e as 6h, seria avançar ainda mais o horário de fechamento das lojas e aumentar os controles das restrições existentes.

VACINAÇÃO.

O processo de vacinação e as negociações do governo para chegar a um acordo com a farmacêutica americana Pfizer, que parece ter ganhado novo impulso após meses de impasse, são dignos de menção, assim como a preocupação com a AstraZeneca.

A Argentina assinou um contrato com o laboratório anglo-sueco para receber vacinas que foram produzidas na Argentina e que deveriam ser finalizadas no México e nos Estados Unidos, mas nunca chegaram.

Nesta quarta-feira, a ministra da Saúde, Carla Vizzotti, se reuniu com representantes da empresa para pedir-lhes informações sobre as possíveis dificuldades que o processo de produção do imunizante vem atravessando e o momento em que poderá começar a receber as doses adquiridas em novembro de 2020. "Essa informação é vital para a organização da campanha de vacinação", declarou Vizzotti no final da reunião.

Desde dezembro, a Argentina tem recebido doses da vacina russa Sputnik V, mas também dos imunizantes fabricados pela Sinopharm e, em menor escala, da Covishield, fabricado na Índia e produzido com a tecnologia AstraZeneca.

Até o momento, 6.806.565 pessoas foram vacinadas com uma dose e 908.441 com as duas, a maioria delas idosos e profissionais da área da saúde. É provável que hoje sejam entregues à Argentina 1 milhão de doses enviadas pela Sinopharm, enquanto amanhã provavelmente chegará um novo lote da Sputnik V.