Santiago inicia reabertura gradual após 1 mês em quarentena
Com a ressaca de terem ficado mais de um mês em quarentena total, moradores de 10 comunas - regiões que englobam vários bairros - da região metropolitana de Santiago, capital do Chile, voltaram a circular nas ruas nesta quinta-feira após uma dura segunda onda da pandemia de covid-19 que se agravou em março, e com esperanças depositadas em um rápido processo de vacinação.
Grupos de pessoas que faziam compras, passeavam ou praticavam esportes, além do congestionamento de veículos, deram de manhã um ar de normalidade à cidade, onde cerca de 1,2 milhão de pessoas deixaram a quarentena depois de vários dias.
A medida, que foi anunciada nesta semana, beneficia ao todo 26 comunas de algumas regiões do país, que terão, a partir de quinta-feira, a possibilidade de circular livremente durante a semana a partir das 5h até o toque de recolher, marcado para as 21h.
Bares e restaurantes também poderão abrir - com quatro pessoas por mesa -, assim como lojas de setores não essenciais, uma medida há muito esperada entre comerciantes e hoteleiros que receberam um duro golpe com este confinamento, ao qual já chegaram enfraquecidos com o lockdown decretado durante a primeira onda, em meados de 2020.
Neste primeiro dia de abertura, e de acordo com dados do Ministério dos Transportes, na capital, o fluxo de viajantes de metrô aumentou em quase 10%, e o tráfego de veículos em 3% em comparação com a quinta-feira da semana passada.
TRÉGUA DA SEGUNDA ONDA?
A segunda onda surgiu com as férias de verão, colocou o sistema hospitalar nas cordas e levou ao confinamento de 90% da população e ao fechamento das fronteiras.
Em março, o número de casos diários de covid-19 atingiu um recorde de mais de 9 mil, mas há uma semana se estabilizou em torno de 6 mil, um progresso que levou as autoridades a anunciar a revogação das restrições.
Entretanto, apesar de o número de pacientes recentemente infectados permanecer inalterado, o sistema hospitalar tem mantido durante semanas níveis de saturação sem precedentes, acima de 96%, o que levou a associação dos médicos do país (Colmed) a questionar a liberação.
"O problema é antecipar as aberturas quando todas as condições necessárias não são satisfeitas, e este é provavelmente o nosso caso", disse José Miguel Bernucci, secretário-geral da entidade.
Apesar da suspensão das restrições em algumas áreas, o Chile, que contabiliza mais de 1,1 milhão de pessoas infectadas e cerca de 26.000 mortes por covid-19 desde o início da pandemia, continuará em estado de emergência, com toque de recolher e fechamento de fronteiras.
ESPERANÇA DE VACINAÇÃO.
Ao mesmo tempo, o país está realizando um dos processos de vacinação mais bem sucedidos do mundo, com mais de 8 milhões de pessoas (mais de 50% da população) inoculadas com pelo menos uma dose e mais de 43% já tendo recebido duas.
Segundo dados da Universidade de Oxford, o Chile é o terceiro país do mundo com a maior porcentagem da população inoculada com pelo menos uma dose. A maioria recebeu a CoronaVac e, em menor grau, as vacinas produzidas por Pfizer/BioNTech e AstraZeneca, sendo que esta última será aplicada em mulheres acima de 55 anos e homens acima de 18.
A mesma universidade aponta o país como o segundo em todo o mundo em maior porcentagem da população totalmente inoculada.
As autoridades estão confiantes de que os primeiros efeitos da imunização serão sentidos até meados de maio, quando vão acontecer as eleições constitucionais e municipais nos dias 15 e 16. Até lá, estima-se que 9,3 milhões de pessoas tenham recebido pelo menos uma dose.
O país também aprovou o uso da vacina do laboratório chinês CanSino, cujos primeiros lotes começarão a chegar em maio.
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