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AI pede fim da violência contra indígenas durante protestos na Colômbia

10/05/2021 22h49

Bogotá, 10 mai (EFE).- A Anistia Internacional (AI) pediu nesta segunda-feira o fim da violência contra os manifestantes indígenas na Colômbia, depois que ontem, supostos civis armados atiraram contra eles em Cali, em um ataque que deixou pelo menos oito guardas indígenas feridos.

"Os ataques de civis armados, alguns na presença da polícia, contra o indígenas minga em Cali são um reflexo de uma dinâmica de violência que não cessa na Colômbia e que tem se acentuado no contexto de protestos sociais no quadro da Greve Nacional", expressou a diretora da AI para as Américas, Erika Guevara Rosas.

Na mesma linha, o escritório na Colômbia do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos expressou sua rejeição aos "ataques sofridos pelos indígenas em Cali e expressamos grande preocupação".

"Pedimos que o atentado que deixou pelo menos oito indígenas feridos, entre eles várias lideranças e defensoras, seja investigado e punido. Pedimos calma a todas as pessoas, principalmente em Cali, e ao respeito à vida e pelos direitos fundamentais", disse a representante do Alto Comissariado da ONU, Juliette de Rivero.

O Conselho Indígena Regional de Cauca (Cric) informou que por volta das 14h20 (hora local), a minga indígena, composta por vários caminhões, foi atacada por uma multidão que se diz "pró-urbana" com conjunto com forças de segurança. Os agentes estavam no local, em Cañasgordas, para remover o bloqueio feito pelos manifestantes.

"Com grande preocupação pelo que aconteceu, até agora recebemos relatos de oito feridos, membros indígenas do Cric que foram baleados", declarou o integrante da Defensoria do Povo Carlos Camargo, que pediu uma investigação sobre os responsáveis pelos ataques.

Por sua vez, a Polícia Metropolitana de Cali informou que respondeu a um pedido de ajuda da comunidade do setor, quando parte da população relatou que estava "sendo atacada por um grupo de povos indígenas".

"Em vídeos publicados, é possível observar os indígenas que estão dispersos pelos complexos residenciais, atirando com armas de fogo e incitando ao terrorismo, saqueando casas e apartamentos da área, ferindo quatro pessoas com armas afiadas e objetos contundentes", disse a polícia.

Erika Guevara Rosas também alertou que os povos indígenas e afrodescendentes "sofreram desproporcionalmente as consequências da violência, do conflito armado e da falta de proteção do Estado".

"É inaceitável que os apelos urgentes às autoridades para prevenir a violência armada não tenham sido respondidos imediatamente; pelo contrário, várias autoridades, incluindo a Polícia Nacional, emitiram declarações estigmatizantes sobre os indígenas minga e aqueles que se manifestavam pacificamente em Cali", afirmou.