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Argentina chega a 68.000 mortes por Covid-19 sem ver a luz no final do túnel

12/05/2021 23h00

Buenos Aires, 12 mai (EFE).- A Argentina atingiu nesta quarta-feira a marca de 68.000 mortes por Covid-19, em um momento em que, apesar do progresso da vacinação, ainda não vê a luz no fim do túnel devido ao elevado número de infecções diárias e à situação caótica do sistema hospitalar.

Um total de 25.976 pessoas testaram positivo em apenas um dia, segundo o último relatório do Ministério da Saúde, principalmente na província de Buenos Aires (11.212 casos) e na capital (2.618), seguida de perto por Córdoba (2.546) e Santa Fé (2.192).

Desde o início da pandemia, a Argentina registrou 3,19 milhões de pessoas infectadas, das quais 268.422 ainda padecem da doença na atual segunda onda, o que deixou um número recorde histórico de casos positivos em 16 de abril, com um total de 29.472.

Já o número total de mortos está agora em 68.311, já incluídos os 490 óbitos deste último dia.

"As empresas funerárias tiveram um aumento muito significativo no último ano e meio", declarou à Agência Efe Roberto Parella, do Grupo Latino-Americano de Serviços Funerários, acrescentando que, segundo sua experiência, o número de mortes aumentou entre 50% e 60% nesse período.

MAIS 4 MILHÕES DE VACINAS.

Com 75,7% de ocupação de leitos de UTI na área metropolitana de Buenos Aires - o núcleo populacional mais afetado -, a notícia de que quatro milhões de doses da vacina AstraZeneca chegarão este mês abriu uma janela de esperança.

Nesta terça-feira, o governo de Alberto Fernández anunciou que em maio chegará o primeiro lote (3.960.000 doses) correspondente ao contrato assinado com o laboratório britânico em 2020 para receber 22,4 milhões que foram produzidas na Argentina e finalizadas no México.

Também neste mês, mais 861.600 doses serão recebidas da AstraZeneca/Oxford University através do consórcio Covax, criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para que países em desenvolvimento possam ter acesso a vacinas.

"Sem dúvida, este é o início de uma nova etapa depois de todo o esforço feito pelo governo nacional através de várias iniciativas para obter as vacinas", afirmou a ministra da Saúde, Carla Vizzotti, que acrescentou que, se o calendário apresentado pela empresa for cumprido, "o rumo da segunda onda na Argentina será alterado".

Para enfrentá-la, o governo mantém restrições em áreas de alto risco, como a proibição de circular à noite e o cancelamento de aulas presenciais, embora esta última não esteja sendo aplicada na capital devido à recusa do seu prefeito, o opositor Horacio Rodríguez Larreta, respaldado pelo Supremo Tribunal.

No meio da disputa política, Fernández enviou na segunda-feira ao Congresso um projeto de lei que permitiria aos governos nacional e provinciais adotar medidas contra a pandemia e evitar que fossem contestados nos tribunais.

17% DA POPULAÇÃO VACINADA COM A PRIMEIRA DOSE.

Na Argentina, com 45,8 milhões de habitantes, 7,86 milhões já foram inoculados com a primeira dose (17,17% da população) e 1.517.012 já receberam também a segunda dose (3,31%), principalmente pessoas com 60 anos ou mais e trabalhadores da saúde.

A campanha está sendo promovida principalmente com a russa Sputnik-V, mas também com a chinesa Sinopharm, a Covishield produzida na Índia com a tecnologia da AstraZeneca e as doses desta última empresa farmacêutica que já chegaram graças ao Covax.

A campanha de vacinação é justamente um dos principais pontos de discórdia política. Enquanto o governo defende sua gestão, o partido opositor Juntos pela Mudança a acusa de ineficiência e lentidão, e já há casos de cidadãos que optaram por viajar para os Estados Unidos para se vacinar.

A controvérsia agravou-se quando no domingo passado o ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019) anunciou que foi vacinado naquele país, onde viajou para participar de um fórum.

"Estando nos Estados Unidos pude verificar que as vacinas são aplicadas em qualquer lugar (...). Eu mesmo consegui receber a vacina de dose única da Johnson em uma farmácia. Recordemos que a Argentina poderia ter tido milhões de vacinas à sua disposição que não soube como negociar", escreveu o ex-presidente no Facebook.

Em fevereiro, depois da divulgação da notícia que pessoas próximas do governo tinham sido vacinadas com privilégios, Macri havia dito que não seria vacinado "até que o último dos argentinos em risco e trabalhadores essenciais" tivesse recebido uma dose.

"Enquanto os argentinos se arriscam a combater a pandemia, outros tiram partido dos seus privilégios em Miami", criticou ontem o atual chefe do Gabinete de Ministros, Santiago Cafiero.

Em defesa de Macri, a presidente do seu partido, Patricia Bullrich, disse que o ex-presidente "teve a oportunidade de se vacinar, mas sem levar a vacina de nenhum argentino", uma clara alusão ao escândalo que afetou o governo.