Topo

Esse conteúdo é antigo

Keiko Fujimori promete proteger democracia e pede perdão por erros de partido

31/05/2021 20h50

Lima, 31 mai (EFE).- A candidata à presidência do Peru e filha do ex-ditador Alberto Fujimori, Keiko Fujimori, prometeu nesta segunda-feira preservar a democracia e pediu perdão pelos erros cometidos por seu partido, em um evento que contou com a participação presencial do líder da oposição venezuelana Leopoldo López e virtual do escritor Mario Vargas Llosa.

Apenas seis dias antes do segundo turno das eleições, Keiko assinou um "juramento pelo país" na cidade de Arequipa, como tentativa de dissipar as dúvidas dos eleitores que estão relutantes em apoiá-la.

"Esta é uma das eleições mais importantes, porque há o risco de que, no mesmo dia em que comemorarmos o bicentenário da independência, o comunismo chegue ao poder para tentar se perpetuar", disse ela, em referência a seu adversário no pleito, o esquerdista Pedro Castillo.

Um dia após o último debate público com Castillo, Keiko prometeu que, caso vença, "todos terão o direito de se manifestar com total liberdade".

A candidata do partido Força Popular também jurou respeitar a liberdade de expressão, permitir à imprensa informar, opinar e supervisionar sem restrições, fortalecer a Constituição Política e lutar contra a corrupção para que "ninguém fique impune" se trair a confiança em seu governo.

A ex-congressista reconheceu que no passado recente nem ela ou seu partido estavam à altura das circunstâncias - em alusão à crise política que levou ao fechamento do Congresso em 2018 - e pediu "perdão a todos aqueles que se sentiram decepcionados" com eles.

Além disso, Keiko agradeceu ao escritor Mario Vargas Llosa por seu apoio público, "após 30 anos de distância e muitas diferenças", pois foi uma das primeiras figuras de alcance internacional a pedir o voto a sua candidatura.

VARGAS LLOSA NÃO QUER "OUTRA VENEZUELA".

Através de uma mensagem em vídeo, o ganhador do Nobel da Literatura explicou que a razão pela qual ele apoia Keiko Fujimori é porque, "se Pedro Castillo for eleito, provavelmente não haverá mais eleições livres na história do Peru".

"Tanto Castillo e (Vladimir) Cerrón, que dirige o partido (Peru Livre), como vários dos eleitos ao Parlamento proclamaram que são mais verdadeiros revolucionários do que cidadãos e que não abrirão mão desse poder, ou seja, estabelecerão um sistema no qual o controle das futuras eleições estará no poder", declarou Vargas Llosa.

O escritor ressaltou que, "em outras palavras, isso significa o estabelecimento de um sistema socialista ou comunista que se somará a Venezuela, Cuba e Nicarágua".

"Não quero que meu país seja uma potencial Venezuela, onde 5 milhões de pessoas fugiram para encontrar trabalho e não morrer de fome", acrescentou.

LEOPOLDO LÓPEZ APOIA KEIKO.

O líder da oposição venezuelana Leopoldo Lopez foi um dos convidados virtuais do ato político e explicou que seu país é atualmente "o mais pobre da América Latina, atrás do Haiti", e com "a maior crise migratória da história do continente americano".

Ele comentou que em 1999 foi iniciado um " processo de minar a democracia" na Venezuela com a proposta do falecido ex-presidente Hugo Chávez de mudar a Constituição ao mesmo tempo em que removeu todos os responsáveis pelas instituições democráticas.

Posteriormente, em 2014 "foi criada uma segunda miragem da bonança econômica", com o aumento do preço do petróleo, mas hoje, "nem a miragem política, nem a econômica são mantidas na Venezuela", de acordo com ele.

López, que chegou domingo ao Peru com sua esposa Lilian Tintori, esperava que os peruanos conseguissem resolver suas reivindicações sociais em democracia, após apontar a repressão política em seu país e os anos em que esteve preso por liderar a oposição.