Nicarágua protesta contra sanções dos EUA a assessores do presidente
A Nicarágua protestou contra as sanções impostas nesta quarta-feira pelos Estados Unidos contra quatro assessores do presidente Daniel Ortega, incluindo sua filha Camila Antonia Ortega Murillo, após a prisão nos últimos dias de líderes da oposição e pré-candidatos às eleições presidenciais de novembro.
"O Governo de Reconciliação e Unidade Nacional protesta veementemente contra esta reiterada violação dos instrumentos internacionais que regem o direito soberano dos Estados, que não nos reconhecemos como uma colônia de qualquer poder", declarou o governo nicaraguense em nota oficial.
No documento, o governo de Ortega chamou os EUA de "imperialista e colonialista" e considera que com as punições mostram, mais uma vez, a interferência americana em assuntos internos de outros países.
"Washington está ditando medidas ilegais, arbitrárias, coercivas e unilaterais contra os cidadãos nicaraguenses, cujo único crime é representar, muito alto, a dignidade e o heroísmo de nosso povo", alega o comunicado.
Família de Ortega tem 5 sancionados
O Departamento do Tesouro dos EUA decidiu sancionar Camila Antonia, filha de Ortega que dirige a Comissão Nacional de Economia Criativa. Segundo Washington, ela está à frente o canal de televisão local 13, um "meio de comunicação familiar" que "divulga propaganda oficial" enquanto o poder executivo "sufoca a mídia independente rival".
Também sancionou o presidente do Banco Central da Nicarágua, Ovidio Reyes; o chefe do grupo parlamentar sandinista, Edwin Castro; e o diretor-executivo do Instituto Militar de Seguridade Social (IPSM), o braço financeiro do Exército Nicaraguense, Julio Modesto Rodríguez Balladares. Como resultado das punições, todos os bens que os envolvidos possam ter nos EUA foram congelados.
Além disso, eles estão proibidos de fazer qualquer transação financeira com americanos ou que envolva qualquer tipo de trânsito através dos EUA, o que procura dificultar o acesso ao sistema financeiro internacional para aqueles castigados, com base no dólar.
Washington já havia sancionado a vice-presidente e primeira-dama do país, Rosario Murillo, assim como três outros filhos: Rafael Antonio, Laureano e Juan Carlos, todos Ortega Murillo.
'Promotores do terrorismo golpista'
"Esta nova violação da soberania da Nicarágua apenas confirma o que denunciamos sobre a tentativa de vender nossa pátria e as pretensões e ações terroristas e usurpadoras, que desde a tentativa de golpe de 2018 foram acentuadas", destacou o governo.
O gabinete de Ortega classifica como uma tentativa de golpe a revolta popular iniciada em abril de 2018 por causa de uma polêmica reforma da previdência social, que foi neutralizada à força e deixou pelo menos 328 mortos, de acordo com agências humanitárias.
"Afirmamos nossa razão histórica, justamente nestes dias, quando os principais promotores e atores desse golpe terrorista, patrocinado pelos Estados Unidos e outras potências imperiais, estão diante da Justiça, como exige o povo nicaraguense", justificou-se o governo.
As autoridades nicaraguenses prenderam quatro pré-candidatos presidenciais da oposição, Cristiana Chamorro, Arturo Cruz, Félix Maradiaga e Juan Sebastián Chamorro García. Também foram detidos o ex-presidente do Conselho Superior da Empresa Privada (Cosep), principal associação patronal da Nicarágua, José Adán Aguerri e dois outros políticos.
Os opositores foram detidos sob a acusação de "realizar atos que minam a independência, a soberania e a autodeterminação, incitando a interferência estrangeira nos assuntos internos, exigindo intervenções militares" e outros crimes, segundo a Polícia Nacional, que é chefiada por Francisco Díaz, sogro de Ortega.
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