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Agressiva 3ª onda da covid-19 avança na África, onde segue faltando vacinas

Diversos países africanos já registram casos da variante indiana do coronavírus - Billy Mutai/Anadolu Agency via Getty Images
Diversos países africanos já registram casos da variante indiana do coronavírus Imagem: Billy Mutai/Anadolu Agency via Getty Images

11/06/2021 05h31Atualizada em 11/06/2021 09h09

Nairóbi, 10 jun (EFE).- Uma terceira onda de covid-19 está avançando "agressivamente" no continente africano, onde a variante que emergiu na Índia está ganhando terreno e a escassez de vacinas continua, segundo alertou ontem o diretor do Centro para Controle e Prevenção de Doenças da África (África CDC), John Nkengasong.

"Podemos ver claramente que a variante B.1.617, que surgiu na Índia, está crescendo no continente, mas ainda não temos dados epidemiológicos que sugiram que esteja por trás da terceira onda", declarou Nkengasong em uma coletiva de imprensa virtual.

Pelo menos 13 dos 55 Estados-membros da União Africana (UA) —o órgão do qual depende o África CDC— já registraram esta variante, incluindo Quênia, Uganda, África do Sul, Marrocos e Nigéria.

As vacinas continuam escassas no continente no contexto desta terceira onda e, no ritmo atual, apenas sete das 54 nações soberanas da região (sem contar o Saara Ocidental) atingiriam a meta de vacinar 10% de sua população até setembro, a menos que a África receba 225 milhões de doses a mais, segundo informou hoje a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Conforme nos aproximamos de cinco milhões de casos e uma terceira onda começa na África, muitas das pessoas mais vulneráveis ainda estão perigosamente expostas à Covid-19", advertiu o diretor da OMS para o continente, Matshidiso Moeti, em outra conferência virtual.

Moeti afirmou que "os países que têm essa capacidade devem compartilhar as vacinas contra o coronavírus com urgência".

"É uma questão de vida ou morte para a África", ressaltou.

Países ricos começam a doar

Tanto o África CDC como a OMS comemoraram o acordo alcançado pelos Estados Unidos para comprar 500 milhões de vacinas da Pfizer/BioNTech que serão entregues a cerca de cem países nos próximos dois anos através do consórcio Covax, segundo o jornal "The New York Times".

"O que sabemos, até agora, é que 200 milhões de doses estarão disponíveis este ano através da plataforma Covax (promovida pela OMS para garantir o acesso global e equitativo a vacinas) e agradecemos que a União Africana seja explicitamente mencionada", comentou Nkengasong.

Por sua vez, o diretor regional da OMS disse que "a maré está começando a virar, pois vemos que as nações ricas começam a transformar promessas em ações".

Com esse acordo, os Estados Unidos aderiram à iniciativa anunciada em maio pela França, que se comprometeu a doar vacinas para países africanos também por meio do Covax, tornando-se o primeiro país europeu a fazer contribuições para esse consórcio.

Até o momento, a UA reservou 220 milhões de vacinas de dose única (com opção de adicionar mais 180 milhões em 2022) por meio de um acordo firmado em março com a Janssen, subsidiária da farmacêutica Johnson & Johnson, e que o continente espera começar a distribuir em agosto deste ano.

Além disso, a Fundação Mastercard anunciou na terça-feira que doará US$ 1,3 bilhão ao África CDC nos próximos três anos para melhorar a resposta regional contra a pandemia.

Além da compra de vacinas, "alguns países africanos devem intensificar ações para inocular rapidamente as que já possuem", alertou hoje a OMS.

Embora 14 países já tenham usado entre 80% e 100% das doses que receberam por meio do Covax, cerca de 20 usaram menos da metade das vacinas recebidas e 12 correm o risco de mais de 10% dos imunizantes disponíveis da AstraZeneca expirarem no final de agosto sem serem administrados.

O continente, que tem cerca de 1,3 bilhão de habitantes, recebeu 54,9 milhões de doses até o momento, das quais 35,9 milhões já foram administradas, segundo os últimos dados publicados pelo África CDC.

De acordo com a mesma fonte, apenas 0,6% da população africana recebeu o esquema vacinal completo, número muito baixo se comparado ao dos países desenvolvidos.

A África registrou até o momento pouco mais de 4,9 milhões de casos de Covid-19 (2,9% do total mundial) e mais de 133.000 mortes (3,7% do total mundial), representando uma taxa de mortalidade de 2,7%, que permanece acima da média global de 2,2%, segundo os últimos dados oficiais.