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Eleição presidencial no Irã tem franco favorito entre 4 candidatos

17/06/2021 18h29

Marina Villén.

Teerã, 17 jun (EFE).- Quatro candidatos majoritariamente conservadores disputarão a presidência do Irã nas eleições desta sexta-feira, e entre eles o clérigo e chefe do Judiciário, Ebrahim Raisi, desponta como franco favorito.

O início da corrida eleitoral foi marcado por controvérsia, porque o Conselho dos Guardiães, órgão responsável por aprovar as candidaturas, rejeitou vários candidatos proeminentes dos setores reformista e moderado, como Ali Larijani, ex-presidente do Parlamento.

Até o início desta semana, sete candidatos ainda participavam da corrida eleitoral, porém, como costuma acontecer no Irã, três deles anunciaram sua desistência para apoiar concorrentes mais bem posicionados.

Esta medida abriu caminho para Raisi, que não tem adversários fortes para ofuscá-lo neste pleito, ao qual o atual presidente, Hassan Rohani, não pode concorrer, pois completou dois mandatos consecutivos.

A vitória de Raisi é amplamente esperada, a menos que haja surpresas de última hora, que são comuns nas eleições presidenciais iranianas. Larijani chegou a pedir a impugnação da candidatura do clérigo na semana passada, mas o Conselho dos Guardiães não a revogou.

FAVORITO.

O principal candidato e favorito do sistema é um clérigo ultraconservador, embora concorra às eleições como um "independente", que já tentou chegar à presidência nas eleições de 2017, nas quais Rohani levou a melhor.

Raisi ficou em segundo lugar naquela ocasião, com 38,5% dos votos, e dois anos mais tarde foi nomeado chefe do Judiciário pelo líder supremo do Irã, Ali Khamenei, que muitos analistas acreditam que pode ser sucedido por ele no futuro.

Anteriormente, Raisi foi curador da importante fundação Astan Quds Razavi, que administra o mausoléu do imã xiita Reza em Mashad, cidade onde ele nasceu em 1960.

Durante a campanha eleitoral, Raisi defendeu "um Irã forte" e "gestão eficiente" dos recursos e capacidades internas para alcançar "um auge de produção".

Ele também prometeu combater a corrupção e apoiar os jovens para melhorar a situação econômica deles com medidas como a construção de 4 milhões de casas, com as quais pretende reduzir os altos preços.

Raisi é o candidato que mais fez comícios eleitorais, embora eles tenham sido muito limitados devido à pandemia de covid-19, e sua imagem é a mais presente nos cartazes de propaganda espalhados pela capital do país, Teerã.

ALA RÍGIDA.

Além de Raisi, até o início desta semana, outros quatro candidatos representavam a ala mais rígida do sistema político iraniano: Mohsen Rezai, secretário do Conselho de Discernimento e ex-comandante da Guarda Revolucionária; Said Yalili, que foi secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional e negociador nuclear, e os deputados Amirhosein Qazizadeh Hashemi e Alireza Zakani.

Estes quatro tinham se dedicado em parte dos debates eleitorais a tentar afundar um dos candidatos moderados, o até recentemente governador do Banco Central Abdolnaser Hemati, que os acusou de estarem na corrida eleitoral apenas para apoiar Raisi.

Esta prática de "linha auxiliar" é comum nas eleições presidenciais do Irã, tanto no setor conservador quanto no reformista. Vários candidatos desistem de última hora em favor do candidato do bloco com as maiores chances.

E foi justamente o que aconteceu ao longo desta semana, quando Yalili e Zakani anunciaram sua desistência e seu respaldo a Raisi.

ALA MODERADA.

Apenas dois dos inicialmente sete candidatos que passaram na peneira do Conselho Tutelar podiam ser considerados moderados ou reformistas. Além do já mencionado Hemmati, também havia o ex-vice-presidente Mohsen Mehralizadeh, que também no início da semana anunciou sua retirada da corrida eleitoral.

De qualquer forma, nenhum deles conseguiu o apoio explícito da frente reformista, que, dada a recusa do ministro das Relações Exteriores, Mohamad Yavad Zarif, em concorrer às eleições, escolheu o primeiro vice-presidente Eshaq Yahanguri como candidato de referência, mas ele foi vetado pelo Conselho dos Guardiães.

Hemmati tentou durante a campanha eleitoral enfatizar sua experiência como economista, mas muitos o veem como um dos responsáveis pela crise que o país está atravessando e pela drástica desvalorização da moeda iraniana.

Na opinião do analista político Ardeshir Pashang, do Centro de Estudos Estratégicos do Oriente Médio, em Teerã, Hemmati tem "menos influência na sociedade do que os candidatos do outro lado", e com a esperada baixa participação popular nas urnas será "muito mais difícil para ele atrair votos".