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Presidente eleito do Irã diz apoiar negociação, mas rechaça reunião com Biden

21/06/2021 16h09

Teerã, 21 jun (EFE).- O presidente eleito do Irã, o ultraconservador Ebrahim Raisi, disse nesta segunda-feira que seu governo apoiará "qualquer negociação que beneficie os interesses nacionais", em referência às atuais negociações nucleares, mas descartou uma reunião com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Em sua primeira coletiva de imprensa desde sua vitória nas eleições presidenciais iranianas na sexta-feira passada, Raisi destacou que as negociações devem ter "resultados para o povo iraniano" e não podem ser "desgastantes".

"Os Estados Unidos têm que suspender todas as sanções opressivas contra o povo iraniano", disse o clérigo fundamentalista e atual chefe do Judiciário, acrescentando que o Irã precisará verificar essas medidas.

Ao ser questionado sobre a opção de ter um encontro direto com Biden caso os EUA retirem as sanções e voltem ao acordo nuclear de 2015, cujo nome oficial é JCPOA, Raisi respondeu com um sonoro "não".

As negociações entre o Irã e as cinco potências que permanecem no JCPOA (Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) começaram no último mês de abril, em Viena, para encontrar um mecanismo que permitisse aos EUA voltar ao pacto, o qual abandonaram em 2018, e ao Irã voltar a cumprir seus compromissos.

A última reunião da sexta rodada de negociações foi realizada no domingo e os EUA participaram indiretamente. Na ocasião, houve avanços importantes que podem levar a uma conclusão na próxima rodada.

Sobre a posição de Washington e dos três países europeus do acordo nuclear, Raisi denunciou que "os Estados Unidos violaram o JCPOA e os europeus também não cumpriram suas promessas".

"O povo iraniano pede que cumpram suas obrigações; o povo pede ao governo (iraniano) que recupere seus direitos e nós vamos recuperar seus direitos", declarou o clérigo, que assumirá a presidência no próximo mês de agosto.

O pacto nuclear de 2015 estabeleceu limites e restrições ao programa nuclear civil do Irã para impedi-lo de desenvolver bombas atômicas. Em troca, Teerã obteve vantagens econômicas com a suspensão das sanções internacionais.

Na coletiva, Raisi também anunciou que "a atual equipe de negociação continuará seu trabalho" e que sua própria equipe de política externa já está "estudando os relatórios".

Ao ser perguntado pelas exigências dos EUA de incluir mais questões em um acordo mais amplo, o presidente eleito reiterou que o programa de mísseis balísticos do Irã e sua influência regional "não serão negociáveis".

"Insistimos que as questões regionais ou as questões de mísseis do Irã não serão negociáveis. O que eles concordaram eles não cumprem, como eles querem entrar em outras questões?", questionou Raisi.

O clérigo obteve 61,9% dos votos nas eleições da última sexta-feira, mas a participação foi excepcionalmente baixa, de 48,8%, o pior número de todos os pleitos presidenciais realizados no Irã desde o triunfo da Revolução Islâmica, em 1979.