Papa lamenta falta de "decisões corajosas" após 10 anos de guerra na Síria

Cidade do Vaticano, 24 jun (EFE).- O papa Francisco falou nesta quinta-feira sobre "o escândalo de dez anos de conflito" na Síria, cuja reconstrução continua "refém da lógica partidária e da falta de decisões corajosas" após uma guerra que já causou quase meio milhão de mortes, segundo os dados mais recentes do Observatório Sírio de Direitos Humanos.

"O grito que vem da Síria está sempre presente no coração de Deus, mas parece que não atinge o dos homens que têm nas mãos o destino dos povos", declarou o pontífice ao receber em audiência os participantes da assembleia anual da Reunião das Obras em Prol das Igrejas Orientais (ROACO).

"Resta o escândalo de dez anos de conflito, milhões de deslocados internos e externos, as vítimas, a necessidade de reconstrução ainda refém da lógica partidária e da falta de decisões corajosas para o bem daquela nação martirizada", acrescentou.

Em seu discurso, Francisco também se referiu ao conflito entre Israel e Palestina, "povos para os quais sempre sonhamos que o arco da paz se estenda no céu", mas "com muita frequência, mesmo recentemente, esses céus são sulcados por bombas que trazem destruição, morte e medo".

"Às vezes é preciso reconstruir edifícios e catedrais, mesmo as destruídas pela guerra, mas acima de tudo é preciso manter as pedras vivas que estão feridas e espalhadas no seu coração", destacou Francisco, referindo-se à situação na Terra Santa e na Síria, mas também no Líbano, Iraque, Etiópia, Armênia e Geórgia.

Em relação à situação na região etíope de Tigray, na Etiópia, Francisco expressou preocupação, principalmente "sabendo que seu alcance inclui também a vizinha Eritreia".

"Para além das diferenças religiosas e confessionais, percebemos o quão essencial é a mensagem de fraternidade quando as diferenças étnicas e as consequentes lutas por poder se tornam um sistema", frisou o pontífice.