Com variantes e falta de vacinas, África sofre pior onda de covid-19
"Deixe-me ser franco: na África não estamos vencendo (a pandemia)", disse durante uma coletiva de imprensa John Nkengasong, diretor dos Centros Africanos para Controle e Prevenção de Doenças (Africa CDC), uma agência da União Africana.
Este especialista de origem camaronesa explicou que os picos desta terceira onda de infecções que a maioria dos países africanos já vive serão muito superiores aos das anteriores.
De acordo com dados do Africa CDC, apenas na última semana, o total de novos casos de covid-19 foi de 159.961, uma cifra 31% superior à da semana anterior.
O sul do continente é a região mais atingida nesta terceira onda, com especial preocupação para países como África do Sul, Zâmbia e Uganda.
"A terceira onda ameaça ser a pior até agora", alertou, em sintonia com Nkengasong, a diretora regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a África, Matshidiso Moeti, em outra entrevista coletiva virtual.
"A terceira onda está ganhando velocidade, espalhando-se mais rápido, atacando com mais força, com um número cada vez maior de casos e um aumento nos relatos de doenças graves", detalhou Moeti.
Essa onda é impulsionada, segundo autoridades sanitárias continentais, pela fadiga social em relação às medidas restritivas e pela expansão de variantes mais contagiosas do coronavírus.
Além disso, é estimulada pelo lento progresso da vacinação, uma vez que apenas 1,12% dos africanos completaram o esquema de imunização, em um continente com uma população de cerca de 1,3 bilhão de pessoas.
"Sem vacinas não podemos manter o vírus em um nível em que possamos declarar vitória. Elas são indispensáveis para vencer a batalha", frisou Nkengasong, lembrando que a África já administrou 80% das vacinas que recebeu e que, portanto, a inoculação lenta não se deve a possíveis rejeições por parte da população.
Como um todo, a África já acumula pouco mais de 5,28 milhões de casos (3% do total global), com mais de 139 mil mortes (3,6% das mortes no mundo).
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