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Com variantes e falta de vacinas, África sofre pior onda de covid-19

25/06/2021 04h09

Johannesburgo, 24 jun (EFE).- O continente africano está imerso em uma terceira onda de infecções de covid-19 que está crescendo de forma muito mais acentuada que as anteriores devido à expansão das variantes do coronavírus, à fadiga social e ao lento progresso da vacinação em relação aos países desenvolvidos, segundo alertaram nesta quinta-feira autoridades sanitárias.

"Deixe-me ser franco: na África não estamos vencendo (a pandemia)", disse durante uma coletiva de imprensa John Nkengasong, diretor dos Centros Africanos para Controle e Prevenção de Doenças (Africa CDC), uma agência da União Africana.

Este especialista de origem camaronesa explicou que os picos desta terceira onda de infecções que a maioria dos países africanos já vive serão muito superiores aos das anteriores.

De acordo com dados do Africa CDC, apenas na última semana, o total de novos casos de covid-19 foi de 159.961, uma cifra 31% superior à da semana anterior.

O sul do continente é a região mais atingida nesta terceira onda, com especial preocupação para países como África do Sul, Zâmbia e Uganda.

"A terceira onda ameaça ser a pior até agora", alertou, em sintonia com Nkengasong, a diretora regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a África, Matshidiso Moeti, em outra entrevista coletiva virtual.

"A terceira onda está ganhando velocidade, espalhando-se mais rápido, atacando com mais força, com um número cada vez maior de casos e um aumento nos relatos de doenças graves", detalhou Moeti.

Essa onda é impulsionada, segundo autoridades sanitárias continentais, pela fadiga social em relação às medidas restritivas e pela expansão de variantes mais contagiosas do coronavírus.

Além disso, é estimulada pelo lento progresso da vacinação, uma vez que apenas 1,12% dos africanos completaram o esquema de imunização, em um continente com uma população de cerca de 1,3 bilhão de pessoas.

"Sem vacinas não podemos manter o vírus em um nível em que possamos declarar vitória. Elas são indispensáveis para vencer a batalha", frisou Nkengasong, lembrando que a África já administrou 80% das vacinas que recebeu e que, portanto, a inoculação lenta não se deve a possíveis rejeições por parte da população.

Como um todo, a África já acumula pouco mais de 5,28 milhões de casos (3% do total global), com mais de 139 mil mortes (3,6% das mortes no mundo).