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Gorbachev defende Perestroika, mas reconhece erros do processo

02/08/2021 20h24

Moscou, 2 ago (EFE).- O último presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, defendeu seu programa de reforma política conhecido como Perestroika ("Reestruturação"), mas reconheceu que o ambicioso projeto não esteve isento de erros.

"Se eu tivesse começado do zero, teria feito muitas coisas diferentes", disse Gorbachev em um artigo publicado nesta segunda-feira na revista "Russia in Global Affairs".

O ex-líder da URSS admitiu que a Perestroika "passou por várias etapas", incluindo as de "erros e conquistas", mas reiterou que as reformas tinham uma "justificativa histórica".

"E isso significava que a Perestroika era necessária e que estávamos indo na direção certa", afirmou.

Gorbachev lembrou que os autores das mudanças que terminaram em 1991 com o desmantelamento da URSS são acusados de "ingenuidade", "traição" ou falta de um plano de ação concreto.

"E alguns até dizem que a Perestroika não era necessária. Mas, sobre essas pessoas, só posso dizer uma coisa: elas têm uma memória muito curta", declarou, lembrando o estado de espírito da sociedade no início das reformas, em 1985.

O político, agora com 90 anos, insistiu que as pessoas "precisavam de mudanças".

"Todos, tanto líderes como cidadãos comuns, sentiram que algo estava errado com o país. A estagnação estava se aprofundando, e o desenvolvimento econômico havia parado de fato", disse.

Com isso, "a maioria absoluta sentiu que não era mais possível viver dessa maneira", disse o "pai" da Perestroika.

"(A necessidade de mudança) não nasceu na minha cabeça, estava nos lábios de todos", acrescentou.

Gorbachev admitiu que as reformas radicais em larga escala estão sempre associadas a certos riscos, mas disse que as autoridades soviéticas tinham que assumi-los.

"Na liderança do país, o Politburo, houve unanimidade a respeito", ressaltou.

O ex-líder da URSS declarou ainda que a Perestroika era destinada ao cidadão soviético e tinha a intenção de torná-lo o mestre de seu próprio destino após séculos de existência de um Estado autocrático e depois totalitário.

"Foi uma ruptura com o passado (...), um avanço para o futuro", afirmou.