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No ápice dos contágios, Japão gera polêmica com nova política hospitalar

04/08/2021 16h41

Tóquio, 4 ago (EFE).- O governo do Japão decidiu aplicar uma nova política sanitária para permitir que apenas os pacientes graves de covid-19 sejam internados, devido aos novos recordes de contágios, o que gerou críticas de diversos âmbitos.

Em declarações à imprensa local, o primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, confirmou nesta quarta-feira que esta estratégia continuará sendo seguida apesar da polêmica, mas detalhou que será aplicada unicamente a Tóquio, onde há uma "drástica expansão dos contágios", apesar do estado de emergência sanitária vigente

Tóquio registrou nas últimas 24 horas 4.166 contágios, um novo recorde de casos diários. Em todo o país, foram mais de 14 mil infecções, outro recorde.

Os contágios estão em alta na capital desde o início de julho, uma evolução que continuou durante a realização dos Jogos Olímpicos de Tóquio, mesmo em formato de "bolha sanitária".

A tendência preocupa principalmente pela propagação da variante delta do coronavírus, que representa cerca de 90% dos novos contágios no país, segundo os cálculos das autoridades japonesas.

POLÍTICA HOSPITALAR INCERTA.

O governo decidiu na segunda-feira passada que os hospitais do país deveriam admitir apenas pacientes com sintomas graves de covid-19, uma vez que os centros médicos estão sob pressão crescente devido ao surto do vírus.

A medida provocou uma avalanche de críticas por parte da oposição, do parceiro da coalizão do governo, do partido budista Komeito, e até mesmo de membros do partido governista, devido ao risco de muitos pacientes poderem ser privados de atendimento médico.

A proposta do governo visa supostamente assegurar que haja leitos hospitalares suficientes para pacientes com sintomas mais graves, enquanto outros com sintomas moderados ou leves se recuperariam em casa e seguindo conselhos dos médicos.

Especialistas médicos e políticos do governista Partido Liberal Democrático (LDP) de Suga enfatizaram que estas medidas ainda não foram devidamente explicadas aos profissionais de saúde nem à população japonesa.

O governo de Suga, que está ficando sem opções para tentar conter a pandemia ao longo dos Jogos de Tóquio, planeja se reunir nos próximos dias com o painel de especialistas médicos para discutir o aumento do nível de alerta sanitário em outras regiões do país.

Os Jogos Olímpicos de Tóquio, que começaram no dia 23 de julho e terminarão no domingo, estão sendo realizados sob rigorosas restrições de movimento e testes constantes de todos os participantes, de modo a evitar contágios dentro da "bolha sanitária" e evitar o contato com a população japonesa.