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Bolívia tacha de "unilateral" relatório dos EUA sobre compromissos antidrogas

17/09/2021 03h48

La Paz, 16 set (EFE).- A Bolívia classificou nesta quinta-feira como "unilateral" e "fora da realidade" o relatório dos Estados Unidos que incluiu o país sul-americano e a Venezuela em uma lista de compromissos internacionais descumpridos no combate ao narcotráfico.

Em entrevista coletiva em La Paz, o ministro de Governo (Interior), Eduardo Del Castillo, disse que o pronunciamento do governo dos EUA se baseia "em um relatório unilateral que está muito afastado da realidade boliviana" e que contrasta com outros produzidos pela União Europeia (UE) e Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

O ministro mencionou que o fato de os EUA terem identificado Bolívia e Venezuela em uma lista de 22 países da América Latina e do Caribe considerados grandes produtores ou plataformas para o tráfico de drogas corresponde à administração de 2020 durante o governo da ex-presidente interina Jeanine Áñez.

Del Castillo disse que, embora entre 2019 e 2020 tenha havido uma gestão resultante do que ele considera um "golpe de Estado" e uma "desorganização de todo o Estado", "isso não dá a nenhum país o direito" de fazer tal avaliação.

"Rejeitamos este relatório porque foi elaborado unilateralmente", dado que apenas os "que são elaborados conjuntamente com as autoridades governamentais nacionais" são os que "serão validados" pelo Estado boliviano, sublinhou.

O ministro destacou os resultados das tarefas de erradicação de cultivos não autorizados de folha de coca ao longo do ano, que ultrapassaram os 6.040 hectares e cuja meta final é atingir 9.000 hectares até ao final do ano, em comparação com os 2.177 hectares atingidos pelo governo provisório.

Há apenas 15 dias, o UNODC apresentou o seu relatório anual sobre o controle dos cultivos de coca, que indicou que estas aumentaram em 15% em 2020, passando de 25.500 hectares em 2019 para 29.400 hectares no ano passado.

A agência detalhou que desde 2011 houve uma "tendência decrescente" na área cultivada de coca na Bolívia, chegando a 20.200 hectares em 2015, enquanto que desde 2016 houve uma "variação de tendências" até alcançar o aumento em 2020.

A folha de coca é contemplada na Constituição boliviana pelos seus usos tradicionais e medicinais, mas parte da produção é desviada para o tráfico de drogas para fazer cocaína.

Desde 2017, a Bolívia ampliou a área de cultivo legal da planta de 12.000 para 22.000 hectares.

A lista de países monitorados pelos Estados Unidos inclui Afeganistão, Bahamas, Belize, Mianmar, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Índia, Jamaica, Laos, México, Nicarágua, Paquistão, Panamá, Peru e Venezuela.

Entre esses, os EUA apenas "descertificam" Bolívia e Venezuela por comprovadamente não terem cumprido as suas obrigações no âmbito dos compromissos internacionais contra as drogas durante o ano passado.