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EUA descumprem normas internacionais com expulsão de haitianos, diz ONU

22/09/2021 05h42

Genebra, 21 set (EFE).- As Nações Unidas declararam nesta terça-feira que os Estados Unidos não cumprem as normas internacionais com a expulsão em massa dos milhares de haitianos que atravessaram a fronteira com o México nos últimos dias e estão agora acampados sob uma ponte internacional na cidade de Del Rio, no sul do Texas, que faz fronteira com Ciudad Acuna, do lado mexicano.

"Estou horrorizado com as imagens das condições deploráveis em uma estrada (ponte) em Del Rio, onde mais de 14 mil haitianos se aglomeraram após difíceis viagens de diferentes países da América", disse o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi.

De acordo com o representante da ONU, para estas expulsões, as autoridades dos EUA invocam uma política (conhecida como "Título 42") que permite que deportem automaticamente migrantes em situação irregular que entram pela fronteira sul, sem que eles possam apresentar uma solicitação de asilo.

A política foi justificada com a pandemia de covid-19 e o risco sanitário acarretado pela entrada irregular de imigrantes.

Grandi afirmou que as deportações de haitianos estão ocorrendo sem consideração das suas necessidades de proteção e que esta medida viola as normas internacionais e pode constituir repatriações forçadas.

O Haiti, considerado o país mais pobre da América, enfrenta uma profunda crise política e social que foi exacerbada pelo terremoto de 15 de agosto e pelo assassinato do presidente Jovenel Moise em 7 de julho.

Na segunda-feira passada, 233 haitianos, incluindo 45 crianças e 45 mulheres, chegaram a Porto Príncipe, capital do Haiti, deportados dos EUA, que já enviaram quase 600 migrantes para o país caribenho, do qual muitos tinham partido há anos para se estabelecerem em diferentes países da América Latina.

O secretário de Segurança Nacional dos EUA, Alejandro Mayorkas, declarou que as fronteiras dos EUA "não estão abertas" e que os migrantes "não devem realizar uma viagem perigosa para tentar entrar nos EUA".

O gabinete da alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, chefiado por Michelle Bachelet, disse também estar preocupado com esta expulsão em massa de migrantes haitianos. Segundo a entidade, tudo indica que não houve uma avaliação individual dos casos.