Governo da Alemanha admite radicalização de negacionistas no país
"O cenário está ficando menor, mas o núcleo está se radicalizando", afirmou o porta-voz do Ministério do Interior, Marek Wade, em entrevista coletiva concedida em Berlim.
O integrante do governo informou que o crime está sendo investigado, mas lançou um alerta para que as autoridades locais não "subestimem" a capacidade dos integrantes do movimento negacionista, que se opõe as restrições e propaga teorias conspiratórias, de cometerem "atos violentos".
Ontem, um homem confessou ter matado a tidos no último sábado o funcionário de um posto de gasolina, na cidade de Idar-Oberstein, no oeste da Alemanha, após a vítima ter solicitado o uso de máscara.
O tirador, que está preso preventivamente, afirmou ao juiz de instrução do caso que as restrições impostas para evitar a propagação da covid-19 o afetaram muito, dessa forma, queria mostrar claramente o repúdio às medidas.
De acordo com o Ministério Público local, o homem, de 49 anos, esteve sábado à noite no posto de gasolina, sem utilizar máscara, para comprar cervejas em uma loja de conveniências. O caixa do estabelecimento, um jovem de 20 anos, indicou a necessidade do uso de máscara, de acordo com as leis atuais vigentes.
O assassino confesso deixou o local e retornou pouco tempo depois, dessa vez usando a proteção facial, mas também portando uma arma. Após uma nova conversa, o cliente tirou a máscara, foi cobrado mais uma vez pelo uso e, em seguida, atirou na cabeça do funcionário da loja.
O autor do disparo foi preso no domingo, na sede da polícia Idar-Oberstein, segundo as autoridades locais, quando iria se entregar.
O governo alemão indicou hoje que não se pronunciará sobre as motivações do crime, enquanto não haja conclusão das investigações, no entanto, classificou o caso como "desconcertante".
Em junho, as autoridades do país europeu já tinham admitido que a pandemia da covid-19 havia contribuído para fortalecer o extremismo de direita, com difusão de ideias através da internet e a realização de protestos contra medidas restritivas.
O serviço secreto da Alemanha, além disso, divulgou que está acompanhando o principal movimento negacionista criado durante a crise sanitária, denominado Querdenker, por considerá-lo um risco para a ordem constitucional.
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