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Ministros pedem criação de mecanismo para garantir direitos das afegãs

22/09/2021 02h54

Nações Unidas, 21 set (EFE).- Mais de uma dúzia de chanceleres e agências humanitárias denunciaram nesta terça-feira na ONU o agravamento dos direitos humanos de mulheres e meninas no Afeganistão depois que o Talibã assumiu o poder e, pediram que mecanismos internacionais sejam estabelecidos para monitorar de perto sua situação.

"Após a chegada do Talibã, as mulheres afegãs foram expostas a riscos e restrições crescentes", disse o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, em um evento paralelo à Assembleia Geral da ONU convocada pela missão italiana para falar sobre a situação das mulheres no Afeganistão.

Di Maio frisou que o Talibã não está cumprindo sua promessa de ser inclusivo, e apontou para o risco de que as conquistas dos últimos 20 anos no Afeganistão para mulheres e meninas desapareçam.

"Nos últimos 20 anos, a taxa de alfabetização das mulheres triplicou. Cerca de 3,5 milhões de meninas estavam indo para a escola este ano em comparação com 1999, quando as meninas não podiam ter acesso ao ensino médio e apenas 9 mil foram para o ensino fundamental", lembrou o chanceler italiano, afirmando que a comunidade internacional não deve poupar esforços para evitar que estas conquistas sejam em vão.

"Proponho que todos os países com a mesma mentalidade aqui em Nova York apoiem, em coordenação com as agências relevantes da ONU, monitorando o respeito aos direitos humanos de mulheres e meninas no Afeganistão", propôs Di Maio.

Por sua vez, o chanceler alemão, Heiko Maas, destacou que "é dever da comunidade internacional" agir sobre o agravamento dos direitos das mulheres no país, e lembrou que alguns afegãos saíram às ruas para protestar contra sua situação.

"(O Talibã) deve saber que qualquer cooperação futura com o Afeganistão, seja por meio de medidas econômicas ou de ajuda ao desenvolvimento, depende da situação dos direitos humanos" no país, disse Maas, afirmando que a Alemanha defende um mandato mais forte para o Conselho dos Direitos Humanos da ONU no país, e indicou que colocou sobre a mesa uma resolução nesse sentido.

Representantes da Colômbia, Canadá, França, Holanda, Suécia e Catar também participaram do encontro, insistindo na importância do acesso à educação para as meninas afegãs.

Enquanto isso, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, enfatizou o agravamento drástico da situação das mulheres e meninas no Afeganistão e reiterou seu apelo ao estabelecimento de um mecanismo para monitorar a "mudança da situação dos direitos humanos em todo o país".