ONU afirma que Afeganistão está em "ponto de inflexão" e precisa de liquidez
"Exorto o mundo a tomar medidas e injetar liquidez na economia afegã para evitar o seu colapso", pediu o diplomata português, antes da reunião extraordinária do G20, reiterando que a ajuda humanitária é essencial, mas não será suficiente para resolver o problema do país se sua economia entrar em colapso.
"Este é um ponto de inflexão. Se não agirmos e ajudarmos os afegãos a enfrentar essa tempestade, e o fizermos em breve, não só eles, mas o mundo todo vai pagar um preço muito alto", alertou o chefe da ONU, incentivando o uso de "instrumentos", tais como as organizações não governamentais.
Em seu discurso, advertiu que se a economia afegã entrar em colapso, além de aumentar o fluxo migratório para fora do Afeganistão devido à fuga de pessoas de suas casas, o mesmo acontecerá com o tráfico de drogas, as redes criminosas e terroristas, tanto na região como no resto do mundo, também é provável que aumente.
Ele lembrou a fragilidade da economia afegã, que existe nas últimas duas décadas graças à ajuda estrangeira e que, antes do Talibã assumir o poder no mês de agosto, já havia sido atingida pela seca e pela pandemia da covid-19.
"Agora, com os ativos congelados e a ajuda ao desenvolvimento em pausa, a economia está em colapso. Bancos estão fechando e serviços essenciais, como saúde, foram suspensos em muitos locais", explicou Guterres, destacando a operação humanitária implantada pela ONU.
Ele pediu aos países que reanimem a economia "sem violar as leis internacionais" e rejeitou que injetar liquidez em benefício da população seja o mesmo que "dar dinheiro ao Talibã", destacando que as questões de "reconhecimento e tratamento com o governo são totalmente diferentes".
"Claramente, a principal responsabilidade de encontrar o caminho de volta do abismo é daqueles que agora estão no comando do Afeganistão", disse Guterres, finalmente mostrando preocupação com o cumprimento dos compromissos do Talibã com os cidadãos afegãos.
"Estou particularmente alarmado que as promessas feitas pelo Talibã às mulheres e meninas afegãs estejam sendo quebradas", disse o chefe da ONU, sugerindo que a potencial perda do progresso educacional ao garantir que sem eles "não há caminho para a economia e a sociedade afegã se recuperar". EFE
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