Espanha tem maior prevalência de transtornos mentais em jovens na Europa
Nações Unidas, 14 out (EFE).- A Espanha é o país europeu com a maior prevalência de transtornos mentais em crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos, segundo o relatório "Estado Mundial da Infância 2021" divulgado pelo Unicef, que chama a atenção para a saúde mental na infância e adverte que não está sendo feito o suficiente para abordar a situação.
Este relatório, elaborado com dados pré-pandemia de 2019, calcula que 20,8% desses jovens sofrem transtornos mentais como depressão, ansiedade, transtorno bipolar, distúrbios alimentares, algum tipo de autismo, distúrbios de conduta, déficit de atenção ou esquizofrenia, entre outros.
O Unicef cita 982.291 jovens nesta situação, com uma porcentagem levemente superior no caso das meninas. Atrás da Espanha aparecem Portugal (19,8% dos jovens), Irlanda (19,4%), Suíça (18,7%) e Áustria e Noruega (18,2%) como os países com maior prevalência de transtornos mentais nesta faixa etária. Os países com menor porcentagem são Polônia, República Tcheca, Hungria, Romênia, Bulgária e Eslováquia.
De acordo com estes dados, a prevalência deste tipo de transtornos na Espanha é 5 pontos superior à média europeia, de 16,3%, e 8 pontos superior à média mundial, de 13,2%.
"A pandemia de covid-19 gerou grande preocupação pela saúde mental de uma geração de crianças. No entanto, a pandemia pode representar apenas a ponta do iceberg da saúde mental, um iceberg que ignoramos há muito tempo", diz o Unicef.
O relatório também analisa o suicídio, observando que é a segunda principal causa de morte de jovens com idades compreendidas entre 15 e 19 anos, atrás apenas dos acidentes de trânsito, e que cerca de 1.200 jovens com idades entre 10 e 19 anos tiraram as suas próprias vidas na Europa em 2019.
O suicídio afeta mais os meninos, e principalmente adolescentes: 71% dos que tiraram a própria vida na faixa etária de 15 a 19 anos eram meninos, e 59% na faixa de 10 a 14 anos.
A ansiedade e os transtornos depressivos afetam mais as meninas: esses representam 70,1% dos transtornos sofridos pelas meninas entre 10 e 19 anos, enquanto que no caso dos meninos este número cai para 39,9%.
Para as meninas, os transtornos de conduta (13%), o déficit de atenção e a hiperatividade (10,4%) e os distúrbios alimentares (5%) têm mais prevalência.
Para os jovens, a ansiedade é seguida do déficit de atenção e hiperatividade (28,6%), transtornos de conduta (23,1%) e transtornos relacionados com o autismo (6,1%).
O Unicef frisa a necessidade de investir na comunicação para acabar com o "estigma" e "quebrar o silêncio em torno da saúde mental e assegurar que as vozes dos jovens sejam ouvidas, especialmente as dos que sofreram distúrbios de saúde mental".
"Precisamos de escolas que abordem as necessidades sociais e emocionais das crianças. Precisamos de tirar a saúde mental do seu 'silo' nos sistemas de saúde e abordar as necessidades dos meninos e meninas, adolescentes e cuidadores em diversos contextos, incluindo educação, atenção primária de saúde, proteção social e resposta humanitária", destaca o relatório. EFE
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