Rússia culpa governo do Sudão por provocar golpe de Estado
"A evolução da situação no Sudão é fruto de uma grave crise que atingiu todas as esferas da vida política e econômica do país. É o resultado natural da política fracassada dos últimos dois anos", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova.
Segundo a representante da diplomacia russa, "a situação desesperadora e a miséria da grande maioria da população foram ignoradas na prática pelas autoridades provisórias e seus conselheiros e benfeitores estrangeiros".
"A interferência estrangeira em larga escala nos assuntos internos da república levou os cidadãos do Sudão a perder a confiança no governo de transição, o que levou a múltiplos protestos e gerou instabilidade geral no país", observou.
Nesse sentido, ele destacou que "os sudaneses podem e devem resolver de forma independente seus problemas internos e decidir os rumos do desenvolvimento soberano de seu país com base nos interesses nacionais".
"A Rússia continuará respeitando a escolha do amigo povo sudanês e oferecendo toda a ajuda necessária", concluiu.
Os militares sudaneses dissolveram hoje o governo do primeiro-ministro Abdullah Hamdok, que por meio de seus colaboradores rejeitou o que considera um golpe e pediu aos cidadãos que protestassem contra o golpe.
Horas mais tarde, o presidente do Conselho Soberano, órgão máximo de poder no processo de transição no Sudão, general Abdelfatah al Burhan, dissolveu o Gabinete de Ministros e o próprio Conselho Soberano e também anunciou o estado de emergência em todo o país.
Além de Hamdok, outros ministros e membros civis do Conselho Soberano foram presos e levados para um local desconhecido, de acordo com o governo sudanês.
O apelo dos colaboradores de Hamdok para que os cidadãos protestassem nas ruas contra o movimento militar gerou incidentes na capital Cartum e, segundo o Ministério da Informação, soldados atiraram contra manifestantes que rejeitaram o golpe militar.
O Sudão é o maior país do continente africano, com 2,5 milhões de quilômetros quadrados e cerca de 43 milhões de habitantes. EFE
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