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EUA criticam Cuba por reprimir protestos: 'Tem medo de ouvir a voz do seu próprio povo'

Centenas de pessoas foram detidas durante o protesto em Cuba em 11 de julho de 2021 - Getty Images
Centenas de pessoas foram detidas durante o protesto em Cuba em 11 de julho de 2021 Imagem: Getty Images

Da EFE

17/11/2021 00h58Atualizada em 17/11/2021 07h47

O responsável para assuntos relacionados à América Latina do Departamento de Estado americano, Brian Nichols, fez nesta terça-feira duras críticas ao governo de Cuba depois da repressão aos protestos pacíficos marcados para ontem na ilha.

"É um sinal claro de que o regime cubano tem medo da voz do seu próprio povo e de suas tentativas de reprimir seu legítimo desejo de democracia e de moldar seu próprio futuro", declarou o representante do Departamento de Estado em seu primeiro discurso no Congresso desde que foi confirmado no cargo.

Nichols comentou sobre os protestos convocados para ontem em Cuba, que acabou não indo adiante devido à prisão de opositores e bloqueios nas casas de ativistas e jornalistas independentes. Ele falou ao subcomitê do Hemisfério Ocidental do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes dos EUA.

Segundo o chefe de América Latina do Departamento de Estado americano, as autoridades cubanas prenderam, bloquearam e hospitalizaram ativistas em toda a ilha e tentaram bloquear o acesso à internet de algumas pessoas.

Questionado sobre as ações tomadas por Washington contra Havana, o diplomata disse que desde os protestos de julho no país caribenho os EUA impuseram "quatro rodadas de sanções" contra as autoridades cubanas envolvidas na repressão.

"Continuaremos procurando oportunidades para enviar sinais concretos de apoio ao povo cubano", acrescentou ele, sem dar detalhes.

Ativistas e organizações da ilha do Caribe denunciaram nesta terça-feira detenções, prisões domiciliares e intimidações das autoridades cubanas para impedir o protesto convocado para ontem.

O grupo de ativistas Archipiélago, que convocou a manifestação, informou em nota oficial que mais de 100 ativistas estão sob cerco e que houve detenções arbitrárias, desaparecimentos forçados, atos de repúdio, violência, ameaças, coerção e discurso de ódio.

Por sua vez, o ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, descreveu a convocação para a marcha, que havia sido declarada ilegal pelo governo, como uma "operação fracassada".

Rodríguez reiterou sua acusação de que o governo americano havia orquestrado a campanha a favor da Marcha Cívica pela Mudança, uma iniciativa criada por um grupo de jovens cubanos insatisfeitos com o sistema de partido único e a economia centralizada que está em vigor há seis décadas.

Anteriormente, no sábado, horas antes do início dos protestos, o governo cubano retirou as credenciações de todos os jornalistas e fotógrafos da Agência Efe na ilha sem explicar o motivo ou esclarecer se era uma medida temporária ou permanente, embora horas depois as devolveu a dois deles.

Entretanto, a presidente da Efe, Gabriela Cañas, considerou a medida "insuficiente" e exigiu que todas as credenciações fossem devolvidas.