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OMS reitera que não se deve subestimar danos causados por ômicron

12/01/2022 20h52

Isabel Saco.

Genebra, 12 jan (EFE).- A Organização Mundial da Saúde (OMS) reiterou nesta quarta-feira que a capacidade da ômicron de causar danos não deve ser subestimada e que ela não será a última variante do coronavírus a ser detectada.

"A ômicron pode ser menos grave na infecção que causa em um indivíduo, mas isso não significa que cause uma doença leve. Há muitas pessoas ao redor do mundo neste momento que estão em unidades de terapia intensiva e em ventilação mecânica, então obviamente eu não diria que esta é uma doença que pode ser encarada como algo leve", disse o diretor de Emergências Sanitárias da OMS, Mike Ryan, em entrevista coletiva na sede da entidade, na Suíça.

Especialistas da OMS pediram a governos e cidadãos que continuem a utilizar todas as ferramentas à disposição para evitar o máximo possível a propagação da ômicron, que já se tornou a variante dominante, respondendo por 60% dos casos em escala global.

Com 15 milhões de novos casos, a semana passada foi a com o maior número de contágios desde o início da pandemia, levando em conta que o número pode ser maior devido a subnotificações, ressaltou o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na coletiva.

"Estamos ouvindo duas respostas a esta onda de casos. Um grupo diz para jogar a toalha e deixar que todos se infecte, e o outro pede máscaras e a continuação da vacinação. Se fizermos a escolha errada, e a primeira é a escolha errada, as pessoas vão pagar as consequências, começando pelos profissionais da saúde e os idosos", disse Bruce Aylward, assessor de Tedros, na mesma coletiva.

A OMS explicou que não há "inevitabilidade" escrita em pedra e que as políticas públicas e o comportamento individual têm o poder de mudar o curso da pandemia, para o melhor ou para o pior.

Aylward e outros especialistas envolvidos na luta contra a pandemia na OMS lembraram que, embora a ômicron cause um quadro de covid-19 menos grave no geral do que as variantes anteriores, a curva de casos é tão "vertical" que muitos sistemas nacionais de saúde estão sobrecarregados, e as pessoas que sofrem de outras doenças estão sofrendo, porque não estão recebendo os cuidados de que precisam.

"É incrível, em 30 anos de trabalho com doenças infecciosas, nunca vimos uma curva pandêmica como esta", enfatizou Aylward.

"Outra coisa que temos que lembrar é que a ômicron não será a última variante. Não sabemos para onde este vírus está indo. Como já dissemos, quanto mais ele se replicar como está fazendo, mais provável será que sejamos confrontados com outras variantes mais perigosas", acrescentou.

Sobre a advertência do chefe da OMS para a Europa, Hans Kluge, de que mais de 50% da população do continente vai contrair a variante ômicron em até dois meses se o ritmo atual de contágios permanecer, a chefe técnica da OMS de luta contra a pandemia, Maria Van Kerkhove, disse que "nada é inevitável" e que a evolução da pandemia dependerá das decisões tomadas em termos de manutenção das medidas de prevenção e contenção.

"Estes são apenas modelos e cenários com os quais estamos trabalhando", enfatizou.

A OMS também lembrou que a fase aguda da pandemia não pode ser interrompida se o acesso desigual às vacinas continuar. Na África, 85% das pessoas ainda não receberam uma única dose, e o objetivo de ter 70% da população de cada país totalmente vacinada até meados deste ano ainda é incerto. EFE