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"Não podemos adiar a paz", diz presidente da Comissão da Verdade da Colômbia

28/06/2022 18h54

Bogotá, 28 jun (EFE).- O presidente da Comissão da Verdade da Colômbia, o padre jesuíta Francisco De Roux, pediu mais ação nesta terça-feira para que não se adie a paz no país e para "curar o corpo físico e simbólico" que forma a população colombiana.

"Não podemos adiar o dia em que a paz seja definitivamente um dever", disse o jesuíta durante a apresentação do relatório final da Comissão para o Esclarecimento da Verdade, Convivência e Não Repetição sobre o que aconteceu durante o conflito armado colombiano, realizada no Teatro Jorge Eliécer Gaitan, em Bogotá.

O padre De Roux comentou que, neste dia em que apresenta seu relatório final, a Comissão da Verdade "traz uma mensagem para o futuro para nossa nação quebrada", um resumo dos milhares de testemunhos que recolheu durante seus três anos e meio de anos de trabalho, bem como "uma mensagem de verdade para acabar com a tragédia" de um conflito no qual 80% das vítimas eram civis desarmados.

"Invocamos a cura do corpo físico e simbólico, multicultural e multiétnico, que formamos como cidadãos e cidadãs desta nação", destacou o jesuíta, mencionando um "corpo que não pode sobreviver a um ataque cardíaco em Chocó, braços gangrenosos em Arauca, pernas destruídas em Mapiripán, cabeça decepada em El Salado, vagina violada em Tierra Alta", todas regiões duramente atingidas pelo conflito.

Além disso, também expressou sua esperança em "libertar nosso corpo simbólico e cultural das armadilhas do medo, da raiva, da estigmatização e da desconfiança, retirar as armas do venerável espaço público, nos distanciar daqueles que colocam fuzis na política e não colaborar com os messias que fingem lutar legitimamente com metralhadoras".

A Comissão da Verdade, que iniciou oficialmente sua jornada em 29 de novembro de 2018 e tem até 29 de agosto deste ano para divulgar seu trabalho, publicou hoje dois capítulos de seu relatório final, o de constatações e recomendações e os depoimentos de vítimas, contidos em mais de 500 páginas.

Durante a apresentação do relatório, que contou com a presença do presidente e da vice-presidente eleitos, Gustavo Petro e Francia Márquez, mas sem o presidente em fim de mandato, Iván Duque, o presidente da Comissão da Verdade se perguntou "Como ousamos deixar acontecer e como podemos ousar permitir que continue?". EFE