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Pai de filha gerada in vitro processará ministro e autor de livro na Polônia

18/08/2022 17h18

Cracóvia (Polônia), 18 ago (EFE).- O pai de uma criança que nasceu através da fecundação in vitro, planeja processar o ministro da Educação da Polônia,Przemyslaw Czarnek, e o autor de um livro escolar que chama de "produtos" as pessoas concebidas por este procedimento.

Kamil Mieszczankowski, cuja filha nasceu a partir de um tratamento de fertilidade, lançou dias atrás uma campanha de arrecadação na internet para conseguir 7 mil euros (R$ 36,8 mil), valor necessário para iniciar o processo na Justiça do país.

Até o momento, ele já arrecadou cerca de 75 mil euros (R$ 394,6 mil).

Mieszczankowski tomou a decisão depois de saber que o livro "História e Presente", que será utilizado nas escolas polonesas a partir de setembro, afirma que "com os avanços médicos e com a ofensiva da ideologia de gênero, o século 21 trouxe ainda mais decadência à instituição da família, o que inclui a criação de crianças em laboratório".

"Esta produção de seres humanos leva à pergunta: quem vai amar crianças produzidas dessa forma", diz o texto da obra.

Mieszczankowski publicou uma carta nas redes sociais, repudiando a publicação e destacando que há um aumento crescente de casais que têm problemas de fertilidade e buscam o método, criticando a estigmatização presente na obra.

"Não permitirei que ninguém aponte o dedo para minha filha em uma escola pública e a descreva como um objetivo de experiências e como uma criança não amada por seus pais, assim como darei tudo o que posso para garantir que, quando ela começar a estudar, este livro seja parte do passado, um infame testemunho destes tempos que vivemos", afirmou o pai.

Anna Landau, uma das pesquisadoras que fazia parte do comitê responsável pelo texto do livro, se demitiu recentemente, por desacordos com o restante dos conteúdos, que foram criticados por vários políticos de oposição.

O ministro da Educação do país é conhecido pelas opiniões ultraconservadoras e já afirmou várias vezes que quer adotar "os ensinamentos do papa João Paulo II" no sistema educacional do país. EFE