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Giro UOL especial: impeachment mostra fragilidade da política, diz Josias

Thomaz Molina

Do UOL, em São Paulo

31/08/2016 15h31

O impeachment de Dilma Rousseff reforça a fragilidade do sistema político brasileiro e a necessidade de uma reforma para sair do 'prostíbulo' em que a política se encontra no país. Essa é a opinião do blogueiro do UOL Josias de Souza, que avalia também que Michel Temer vai ter muito trabalho na Presidência, já que assume o governo com um grande índice de rejeição e com a necessidade de tomar medidas impopulares. Josias também acredita que o PT vai adotar uma posição mais feroz na oposição.

 

Impeachment consumado

Por 61 votos a 20, o Senado aprovou o impeachment de Dilma Rousseff, do PT, que deixa a Presidência da República em definitivo. A presidente foi condenada sob a acusação de ter cometido crimes de responsabilidade fiscal, as chamadas ‘pedaladas fiscais’ no Plano Safra e os decretos que geraram gastos sem autorização do Congresso Nacional.

Apesar da cassação do mandato, a agora ex-presidente manteve os direitos políticos. Em votação separada, 42 senadores votaram pela perda dos direitos políticos contra 36 – eram necessários que dois terços dos parlamentares (54) votassem a favor da medida. Com o impeachment de Dilma, Michel Temer, do PMDB, assume em definitivo a Presidência da República.

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Não ficou satisfeito

O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), afirmou que vai recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) da decisão que permitiu ao Senado votar separadamente as penas impostas a Dilma Rousseff no processo de impeachment.

A presidente teve o mandato cassado mas, em uma segunda votação, os senadores rejeitaram aplicar a proibição para que ela ocupasse cargos públicos pelos próximos oito anos.

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Exceção histórica ou regra?

Com o impeachment, Dilma se torna o sexto presidente eleito no Brasil a não terminar o mandato. Entre os outros cinco presidentes, um morreu, um se suicidou, outro foi deposto e outros dois renunciaram ao cargo.

Em 127 anos de regime republicano, apenas 12 brasileiros foram eleitos pelo voto direto, tomaram posse e governaram até o final, incluindo Dilma no primeiro mandato.

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Repercussão no exterior

Jornais internacionais também destacaram o impeachment de Dilma, mas ponderam que o fato está longe de resolver os problemas do país. Para o jornal americano The Washington Post, a longa duração do processo – de nove meses – pode ter servido apenas para alimentar mais os eleitores já desencantados com o sistema político uma população já desiludida.

Já o Wall Street Journal afirma que investidores podem estar dando muito crédito a políticos do país e desconsiderando os problemas econômicos.

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Agora na oposição

A cúpula do PT vai discutir na sexta-feira (2) como será feita a oposição ao governo do agora presidente efetivo, Michel Temer.

Uma das medidas estudadas pelo partido é ir às ruas e defender novas eleições, em uma tentativa de encurtar o mandato do peemedebista.

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Novos capítulos?

Juristas ouvidos pelo UOL apontam que a agora ex-presidente Dilma ainda possui três caminhos na Justiça para tentar reverter a perda do mandato: recorrer ao STF, entrar com embargos e ingressar na OEA – este último já feito pela defesa de Dilma.

No entanto, a possibilidade de reversão da decisão do Senado é considerada “ousada” por alguns e remota por outros.

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