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O humanitário combate à fome vira lei em SP

A vereadora Erika Hilton na Câmara Municipal de São Paulo - Nelson Almdeira/AFP
A vereadora Erika Hilton na Câmara Municipal de São Paulo Imagem: Nelson Almdeira/AFP

28/01/2022 11h09

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Sancionada no dia do aniversário de São Paulo, a lei 17.725/2022 que cria o fundo de combate à fome na capital paulista tem o dedo de uma parlamentar preta. De autoria da vereadora Erika Hilton (PSOL), a iniciativa pretende usar recursos municipais, de doações e de outras fontes para garantir segurança alimentar de pessoas em vulnerabilidade social, principalmente crianças e adolescentes. Também incentivará a agricultura familiar. Antes da canetada do prefeito Ricardo Nunes (MDB), o texto tinha sido aprovado por unanimidade pelo plenário da Câmara Municipal.

Há urgência de uma política de caráter estrutural que dialogasse com o enfrentamento do combate à fome e à miséria (...) essa pauta não é ideológica ou partidária, é uma pauta humanitária.
Erika Hilton, vereadora (PSOL-SP)

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GRANA PRETA... No podcast Trago Boas Notícias #203, a empresária Nina Silva fala sobre o Black Money, plataforma de afroempreendedorismo que conecta os consumidores às pessoas negras que vendem algum produto pela internet.

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FUTUROS LÍDERES... A Mondelez, dona de marcas como Oreo, Bis, Halls e Trident, abriu seu primeiro programa de trainee focado em diversidade para liderança. O objetivo é ir além da inclusão de negros e negras e garantir a atração de pessoas LGBTQIA+, com deficiência física e mulheres para que se tornem futuros líderes da empresa.

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PEQUENA ÁFRICA... Cenário de novela, a Pequena África guarda a história negra no Rio de Janeiro. Na vida real, o espaço abriga locais fundamentais para entender a história da escravidão no Brasil e a rica herança deixada pelos africanos e seus descendentes no país. Não à toa, é palco do folhetim "Nos Tempos do Imperador", da TV Globo.

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MUITA ANÁLISE... Em sua estreia no "Big Terapia", quadro em que faz uma sessão de terapia do BBB 22, o humorista Paulo Vieira analisa Luciano, o primeiro eliminado desta edição. De quebra, ele se envolveu em uma polêmica. Após Paulo fazer um comentário sobre Arthur Aguiar, a influenciadora Mayra Cardi ameaça processá-lo por gordofobia. Sem meias palavras, o humorista rebateu: "Branco acha que só eles têm advogados".

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LÁ FORA... O rapper Lil Nas X é acusado de plágio em vídeo do álbum "Montero". A cantora Dana Dentata diz que o cantor usou o conceito de seu clipe "Pantychrist". Já Dwayne Johnson diz que fez o treino mais "árduo" da vida para viver o protagonista de "Adão Negro", novo filme da Marvel.

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VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER... Duas mulheres denunciaram um ginecologista por estupro em um centro médico na Bahia. Uma delas acusa o médico de cometer a violência enquanto fazia um exame de papanicolau.

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RACISMO... O Ministério Público do Maranhão denunciou um casal por tentativa de homicídio triplamente qualificado após eles agredirem o jovem negro Gabriel da Silva Nascimento, 23, logo depois de acusarem o rapaz de roubar o próprio carro. O caso ocorreu em dezembro em Açailândia (MA).

RACISMO 2... Em Embu (RJ) um vereador foi preso dentro da piscina do condomínio de luxo onde mora após uma pessoa relatar que sofreu injúria racial por parte dele. Após a confusão, ele foi indiciado também por resistência à prisão. Como o parlamentar resistiu, um policial precisou entrar na água para prendê-lo.

RACISMO 3... Em entrevista à revista "Veja", a jornalista e apresentadora Maju Coutinho recorda ataque racista na adolescência e explica que não costuma dar atenção à ofensas que recebe na web: "Não dou palco".

RACISMO 4... Após Douglas Silva, participante do BBB 22, receber ofensa racista em post na internet, a esposa do ator prestou queixa e o advogado repudiou ataque que associava Silva a um animal. A polícia já identificou o suspeito do ataque, enquanto o grupo ciberativista Anonymous invadiu o blog que fez o ataque racista contra o ator.

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PEGA A VISÃO

Cris Guterres - NathalieBohm/TV Cultura - NathalieBohm/TV Cultura
Imagem: NathalieBohm/TV Cultura

O amor nunca me foi farto, muito pelo contrário, sempre me foi escasso, e todas as mensagens que a sociedade me passa por meio de filmes, novelas e da vida real é de que não mereço ser amada
Cris Guterres, colunista do Universa em Natália do 'BBB' chorou porque sabe que o amor não é para mulheres negras

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DANDO A LETRA

Patricia Melo, professora de História da UFAM (Universidade Federal do Amazonas) - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Para muitos, o fato de o Amazonas ser a província do Império com a menor população de escravizados no século 19 justifica a conclusão de que a presença africana na região foi insignificante. E isso ainda leva à ideia -- equivocada, como veremos -- de que hoje sequer existiriam ali quilombos lutando pelo direito à terra, já que a escravidão teria sido irrelevante. É isso mesmo? Não. Para começo de conversa, não é exato reduzir as experiências negras à escravização. Ou seja: se era preto, era escravo. Certo? Errado.
Patricia Alves-Melo, historiadora e professora da UFAM

Em sua coluna, a pesquisadora explica que a historiografia recente tem contrariado o senso comum e mostrado que havia outras formas de ser negro em uma sociedade escravista. Ou seja, nem todos os nossos eram escravizados. O Censo de 1872, por exemplo, mostra que boa parte da população negra do Império era livre: estavam nessa condição três a cada quatro pessoas negras.

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SELO PLURAL

igreja brasil áfrica - Thiago Borges/UOL - Thiago Borges/UOL
Imagem: Thiago Borges/UOL

A gente, enquanto líder espiritual, tem que lutar para que governo naturalize qualquer imigrante africano, porque isso é uma recompensa à escravidão [que ocorreu no Brasil]".
Paulo Ataíde, evangelista

Nesta semana, TAB contou a história da pastora Ivone Santana Fernandes, uma brasileira que acolhe imigrantes africanos em cultos na periferia de São Paulo. Durante a pandemia, a Igreja Brasil África distribuiu cestas básicas, brinquedos e itens de higiene e limpeza na comunidade.

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#TBT

fome - William West/AFP - William West/AFP
Imagem: William West/AFP

Mulheres, pardos e pretos estão entre os mais vulneráveis a passar fome no Brasil. Foi o que mostrou a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Fatores como gênero e raça do responsável pelas despesas do domicílio impactam nos dados da pesquisa, que avalia o nível de acesso a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente. Mulheres e pessoas pretas e pardas possuem os índices mais altos de insegurança grave, no qual a fome é uma realidade dentro de casa.