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Família que escravizou mulher por 50 anos poderá ter de pagar R$ 1 milhão

Yolanda, 89, foi mantida em condições análogas à escravidão durante 50 anos. A neta Viviane achava que a avó estava morta - Reprodução/TV Globo
Yolanda, 89, foi mantida em condições análogas à escravidão durante 50 anos. A neta Viviane achava que a avó estava morta Imagem: Reprodução/TV Globo

Do Núcleo de Diversidade

29/04/2022 10h00

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O movimento sindical dos trabalhadores domésticos brasileiros nasceu em Santos (SP), em 1936, por iniciativa de Laudelina de Campos Melo, a dona Nina. Ela e outras pioneiras perceberam que não tinham direito à sindicalização ou à proteção pelas leis vigentes e se uniram. Seu ativismo foi essencial para a categoria — e por extensão para as mulheres negras. Os primeiros direitos trabalhistas, como carteira assinada e previdência social, vieram só em 1972, com muitas restrições, mas ali foi o princípio da luta.

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Laudelina de Campos Mello foi pioneira na luta dos trabalhadores domésticos
Imagem: Wikipedia

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ESCRAVIDÃO...Yolanda, 89, passou cinco décadas de sua vida em situação de trabalho análogo à escravidão em Santos (SP). Nesses 50 anos, ela não pode ter contato com a família, sofreu abusos físicos e psicológicos, não recebeu salário ou dias de folga.

O Ministério Público do Trabalho pediu que a Justiça reconheça Yolanda como vítima de situação de trabalho análogo à escravidão e que a família da patroa arque com R$ 1 milhão por danos morais coletivos.

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TSE... Duas advogadas estão cotadas para ocupar uma vaga no TSE (Tribunal Superior Eleitoral): Rogéria Dotti, mulher branca, e Vera Lúcia Santana Araújo, mulher negra. Os nomes das duas foram colocados ao lado dos advogados André Ramos Tavares e Fabricio Juliano Mendes Medeiros. Depois que o Supremo Tribunal Federal definir os cotados, a decisão fica por conta presidente Jair Bolsonaro (PL).

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FÉ... A escola de samba Grande Rio foi a vencedora do Carnaval 2022 com o enredo celebrando Exu, uma das divindades mais cultuadas nas religiões afro-brasileiras. Elo entre a terra e o divino, TAB explicou como é um culto ao orixá.

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RACISMO... O argentino Leonardo Ponzo, torcedor do Boca Juniors, foi preso em flagrante no intervalo do jogo entre Corinthians e Boca Juniors pela Copa Libertadores, após imitar um macaco. Ele foi indiciado por injúria racial, passou a noite detido e foi solto após o pagamento de fiança no valor de R$ 3 mil.

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EMPATIA... Karol Conká sofreu um processo de ódio coletivo logo após deixar o BBB 21. Especialmente doloridos, porém, foram os ataques sofridos por seu filho. Em entrevista ao OtaLab, ela fez uma reflexão sobre os limites deste tipo de torcida. "Eu não tenho por que atacar meus haters com mais ódio. As pessoas cobram empatia sem ter. Eu aprendi na pele que tudo o que vai, volta", declarou.

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SKINCARE... Devido à maior quantidade de melanina, a pele negra mancha com mais facilidade. Por outro lado, normalmente são peles mais oleosas e precisam de cuidados especiais. Você sabe a melhor rotina de cuidados para a pele negra?

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DANDO A LETRA

Chico Alves - UOL - UOL
Chico alves facebook
Imagem: UOL

"O racismo religioso, assim como outras modalidades de racismo, é manifestado diariamente, sem que o governo do Brasil se interesse em criar campanhas ou ações efetivas para combatê-lo. Pelo contrário. Com figuras como Sérgio Camargo, que desmoralizou a Fundação Palmares, a equipe de Jair Bolsonaro ajuda a reforçar o preconceito".
Chico Alves, jornalista

Em Notícias, Chico Alves aponta que Bolsonaro, para ele, o campeão da mentira, acusa os outros de mentirem. Além disso, observa que no Carnaval, a Grande Rio revelou o bem e o mal verdadeiros no Brasil de Exu. Ainda sobre a festividade, Ronilso Pacheco analisa como o triunfo de Exu expõe uma onda de racismo religioso.

Em Tilt, Akin Abaz discute métodos de efetuar pagamento, como pix e cartão, e até mesmo chip implantado na pele. Você toparia?

Já em Universa, Cris Guterres fala sobre o Dia da Empregada Doméstica e Ana Paula Xongani analisa o estigma da mulher preta.

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PEGA A VISÃO

Ana Flávia Magalhães Pinto - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Ana Flávia Magalhães Pinto é professora do Departamento de História da UnB (Universidade de Brasília)
Imagem: Arquivo Pessoal

"Medida Provisória" é um convite à reflexão sobre como tradições de pensamento negro têm alimentado lutas no presente e no passado, a despeito de esforços de apagamento, redução e silenciamento. Trata-se de um acerto de contas que vêm sendo convocado, com perdas e ganhos, em criações anteriores".
Ana Flávia Magalhães Pinto, historiadora

Em sua crítica sobre o filme 'Medida Provisória', primeiro longa-metragem dirigido por Lázaro Ramos, a historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto também analisa como a deportação forçada da população negra - fio condutor do filme - não tem nada de ficção no Brasil.

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SELO PLURAL

Papo Preto - Arte/UOL - Arte/UOL
Podcast Papo Preto 2022
Imagem: Arte/UOL

No episódio #76 de Papo Preto, o apresentador Yago Rodrigues recebe o rapper WinniT, campeão da primeira edição do campeonato Red Bull Francamente. O artista fala sobre a sua trajetória nas Batalhas de Rima e da importância destes espaços para o acolhimento da comunidade preta.