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Tereza de Benguela: como a líder quilombola virou ícone do Julho das Pretas

Imagem da líder quilombola Tereza de Benguela projetada na Igreja Rosário dos Homens Pretos da Penha, construída por negros escravizados em São Paulo - Divulgação/Coletivo Coletores
Imagem da líder quilombola Tereza de Benguela projetada na Igreja Rosário dos Homens Pretos da Penha, construída por negros escravizados em São Paulo Imagem: Divulgação/Coletivo Coletores

Do Núcleo de Diversidade

15/07/2022 09h00

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Apesar de serem o maior grupo populacional (cerca de 28%), mulheres negras são escanteadas até quando a luta é contra o racismo e o machismo. Movimentos sociais tiraram o mês para discutir o impacto dessa ausência não só no Brasil, mas em solo latino-americano, reconhecer o legado das mulheres negras nesses territórios. É o "Julho das Pretas", alcunha que remete ao 25 de julho, quando há uma dupla comemoração.

No mundo, celebra-se o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, reconhecido pela ONU em 1992. No Brasil, é o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra no Brasil. Por aqui, a homenagem é uma resposta ao não reconhecimento a figuras negras femininas de resistência.

Tereza desafiou o sistema escravocrata no século 17 como líder do Quilombo Quariterê, a maior comunidade que acolhia negros e indígenas escravizados no Mato Grosso. Sob o seu comando administrativo, político e militar, mais de 100 pessoas resistiram à escravidão por duas décadas. De origem incerta, o nome "Benguela" indica que a "rainha", como era conhecida, pode ter chegado ao Brasil após passar pelo porto de mesmo nome em Angola.

Com a chegada das eleições brasileiras, a programação do Julho das Pretas deste ano reforça a importância das mulheres negras na política brasileira. Elas são menos de 3% do Congresso Nacional , o que faz com que os coletivos "Eu Voto em Negra" e "Mulheres Negras Decidem", incentivem candidaturas de mulheres negras no país. O Instituto Odara, por exemplo, traz mais de 400 atividades em 18 estados, com destaque para a região nordeste.

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MULHER CONTRA A VIOLÊNCIA... Durante a infância, Anne Clayanne Alves foi abusada sexualmente por um familiar. Hoje, como psicóloga, é idealizadora de uma iniciativa que promove conscientização sobre violência contra mulher em comunidades ribeirinhas e acolhe vítimas de estupro. Por este trabalho, ela é finalista do Prêmio Inspiradoras na categoria Conscientização e Acolhimento.

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MULHER NEGRA PELO MUNDO.... Moradora da Zona Leste de São Paulo, Nataly Castro quer ser a primeira mulher negra brasileira a visitar todos os países do mundo. Para atingir o objetivo, precisou encarar o Talibã em viagem ao Afeganistão. Para o UOL, conta que apesar de cobrir todo o corpo e usar véu, chamou muita atenção nas ruas.

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SINTONIA.... Estreou nesta semana na Netflix a terceira temporada da série idealizada por Kondzilla. Ambientada na Vila Áurea, periferia de São Paulo, a nova fase tem episódios que mergulham na vida de cada um dos três protagonistas, mostrando as diversas experiências da favela com sexo, rap, fé, política e criminalidade.

CLAUDINHO E BUCHECHA.... O acidente fatal de Claudinho, dupla de Buchecha, completa 20 anos. O UOL relembra o caso e conta como Buchecha soube da morte do parceiro. A história de uma das duplas mais queridas do Brasil será narrada em um filme previsto para 2023.

SOM NOVO... O rapper Rico Dalasam irá lançar um novo EP para dar sequência a "Dolores Dala, o Guardião do Alívio", seu disco de 2020. Ao Splash Entrevista, ele disse que quer fugir de energias densas e usar o novo trabalho para falar de amor.

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DANDO A LETRA

Recentemente, uma gestante foi abusada sexualmente durante uma cesariana, o que já se trata de algo assustador, mas observando os detalhes do caso, um ponto chama atenção: a paciente estava sedada durante o procedimento, algo incomum durante uma cesárea"
Larissa Cassiano, colunista do UOL

larissa - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

Em Viva Bem, Larissa Cassiano retoma o caso de abuso sexual durante cesária e explica como costuma ser a anestesia para a cirurgia.

Em Universa, Cris Guterres abre espaço para a psicóloga Sheina Karlsson falar sobre o impacto da síndrome da impostora na vida das mulheres negras.

Em Notícias, Chico Alves revela que os ataques ao STF em canais de extrema-direita no Youtube cresceram 300% em um ano. Os vídeos com menções críticas ou ofensivas são de canais bolsonaristas.

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PEGA A VISÃO

LÁZARO - Arquivo Pessoal/Lázaro Roberto - Arquivo Pessoal/Lázaro Roberto
Imagem: Arquivo Pessoal/Lázaro Roberto

Se eu não tivesse o senso crítico que minha formação no teatro e no MNU propiciaram, eu não conseguiria entender, por exemplo, que ter negros morando em palafitas não era normal, ou até não [conseguiria] entender o que é e quais são os impactos de um 'apartheid' social"
Lázaro Roberto, fotógrafo

Nascido no Fazenda Grande do Retiro, bairro de Salvador (BA), e filho de um estivador e de uma lavadeira, Lázaro Roberto, 64, preserva a memória da capital baiana. Com suas lentes, além de retratar o cotidiano das pessoas negras na cidade mais preta fora da África, já registrou momentos históricos como a primeira Marca da Consciência Negra e a visita de Nelson Mandela no Brasil em 1990 com uma multidão de 150 mil pessoas.

Essas histórias por meio da imagens estão presentes no acervo Zumví Arquivo Fotográfico, localizado no Pelourinho. De pequeno porte, o local não possui estrutura para garantir a conservação adequada de todos os 30 mil fotogramas de Lázaro. Com isso, realizam financiamento coletivo para arcar com os custos da digitalização de todo o material.

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SELO PLURAL

CONVERSA - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

No episódio #65 de Conversa de Portão, a equipe do Nós, mulheres da periferia conversa com Najara Costa, professora e socióloga para discutirem o que mudou em 10 anos de cotas raciais no Brasil. Najara é autora de livro que avalia as políticas afirmativas.