Topo

Arma, importunação e violência: as denúncias contra líder da Bola de Neve

A pastora e cantora gospel Denise Seixas conseguiu uma medida protetiva contra o marido Rinaldo Pereira, líder da igreja evangélica Bola de Neve Imagem: Reprodução/Arquivo Pessoal

do UOL, em São Paulo

12/07/2024 12h40

A Justiça de São Paulo determinou na quarta-feira (10) ao líder religioso Rinaldo Luiz Seixas Pereira, fundador da igreja "Bola de Neve", a apreensão das armas que ele tem em sua posse. Sua assessoria afirmou se tratar de apenas uma e que a entrega está sendo providenciada.

Em nota, eles afirmaram que não são "'armas', no plural, como equivocadamente chegou a ser noticiado" e que a pistola "que está registrada e guardada num cofre de um clube de tiro, tem todos os documentos atualizados e será apresentada conforme a decisão judicial". Não foi informado quando isso será feito.

O conteúdo enviado pela assessoria ainda afirma que a "existência da arma em nada interfere nas investigações em curso, que comprovarão serem falsas as acusações contra o religioso".

Entenda o caso

A pastora Denise Seixas conseguiu uma medida protetiva de urgência contra o marido, Rinaldo, em junho deste ano. Segundo sua advogada, ela foi vítima de uma violência psicológica muito forte. "Está trazendo grande abalo à saúde física e psíquica dela, um sofrimento muito grande."

As supostas agressões de Rina contra Denise tornaram-se públicas em abril do ano passado depois que Nathan Gouvea, filho de um relacionamento anterior de Denise, vazou um vídeo com trechos de uma discussão entre o casal. Gouvea disse, inclusive, que o líder religioso planeja internar sua mãe em uma clínica psiquiátrica.

Questionado pela reportagem do UOL no mês passado, Rina negou a acusação. "Nathan saiu de casa há dez anos. Não tem a mínima ideia do que vivemos. Tudo o que eu sempre quis foi vê-la com saúde física, mental e emocional. Isso incluiu todo o cuidado com acompanhamento profissional, porém, em nenhuma hipótese, uma internação em clínica psiquiátrica. Essa foi só uma difamação para colocá-la contra mim."

Após as denúncias virem a público, Denise se manifestou por meio de suas redes sociais. "Eu não estou com problemas psiquiátricos, que fique muito claro. Eu não estou com problema mental nenhum", disse na publicação de um vídeo.

Áudios como prova

Pouco tempo depois do filho de Denise fazer uma publicação mostrando as violências psicológicas que ela sofria com o marido Rinaldo no ano passado, a própria mandou um áudio de uma discussão para uma pessoa próxima, mostrando o teor das brigas. O conteúdo vazou na metade do mês de junho deste ano.

"Vamos divorciar, caraca! Segue sua vida então, porra! [...] Tá sempre com essa cara de merda [...] Você parece que é maluca [...] Pessoa amarga, mal-amada, envenenada [...] Eu não quero você no meu quarto mais [...] Você vai me respeitar [...] Você só fala bosta! Denise, você tem um problema que você precisa tratar a sua cabeça [...] Eu quero ser feliz. Você quer divórcio? Fala logo então, porra! [...] Vive com a cara esquisita?Tá bem num dia comigo, no outro acorda endemoniada [...] Você só escuta demônio, sua cabeça é maluca. Satanás entra e sai na tua mente na hora que ele quer?", dizia trechos do áudio.

Denúncia de ex-funcionários

Uma ex-funcionária da igreja de 39 anos denunciou Rinaldo por importunação sexual. O caso aconteceu em 2017, quando era funcionária dele na igreja, mas ela só registrou boletim de ocorrência no dia 10 de junho de 2024, depois que Rina foi denunciado por violência doméstica e psicológica por Denise.

Paolla contou que trabalhou diretamente com Rinaldo. Contratada pela Bola de Neve, ela foi registrada como auxiliar administrativa e logo passou a frequentar a casa de Rinaldo. Após a morte dos pais, ela encontrou em Rinaldo o que chama de "pai espiritual".

"Começou bem sutil, com ele pedindo alongamento. Um dia ele pedia para puxar o braço dele, depois fazer massagem na lombar, pegar no pé. Depois queria que eu ficasse sentada com ele no sofá e ficava contando história, falando de filme. Esses pedidos me incomodavam, mas a igreja ensina que você tem que servir a eles [líderes], porque está fazendo para Deus.

Me chamava para deitar no sofá e assistir um filme com ele. Odiava quando ele dizia: 'Deita aqui no meu peito, eu sou seu pai. Cuida do papai'. Mas as coisas foram aumentando. Eu senti a mão dele fazendo massagem, a mão dele aqui perto dos meus seios, tocando na minha bunda. Eu sentia ele me manipulando e dizia para ele parar", contou em depoimento a Universa.

Agressões ao enteado

"Ele é o cara do morde e assopra", diz Nathan Gouvêa, 30, sobre o padrasto. "Me chamava para jogar videogame. Uma vez, coloquei um CD úmido e o jogo não rodava. Para cada vez que eu tentava fazer o jogo funcionar e não dava certo, ele me dava um chute na cabeça", disse.

Nathan tinha 6 anos quando sua mãe, a pastora Denise Seixas, casou-se com Rina. Ele passou a ter uma relação de "pai e filho" com o padrasto —a quem hoje Nathan acusa de agredir e abusar psicologicamente tanto dele quanto da mãe.

Rina nega todas as acusações contra ele.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Arma, importunação e violência: as denúncias contra líder da Bola de Neve - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Cotidiano