Brasília faz ginástica para lidar com a reeleição de Maduro
Esta é a newsletter Olhar Apurado. Inscreva-se gratuitamente para receber no seu email de segunda a sexta. Conheça as demais newsletters do UOL. São cerca de 20 opções sobre os mais variados assuntos para a sua escolha.
********
Lances acrobáticos, piruetas e saltos mortais não estão só nas barras assimétricas e nas traves de equilíbrio de Paris. A 8.720 km da capital francesa, em Brasília, a diplomacia brasileira faz ginástica para lidar com a controversa eleição da Venezuela.
A votação foi realizada no domingo. Depois de mais de 48 horas de seu encerramento, as autoridades venezuelanas não divulgaram as atas eleitorais. A OEA (Organização dos Estados Americanos) não reconhece a vitória de Maduro e fala em "ilegalidades".
Nesta terça (30), o presidente Lula minimizou as acusações de fraude feitas pela oposição venezuelana na reeleição do ditador Nicolás Maduro.
Lula disse que "não houve nada de grave ou assustador" nas eleições. "Estou convencido de que o processo é normal", afirmou o presidente do Brasil.
Antes da fala de Lula, a Executiva Nacional do PT tinha divulgado uma nota dizendo que o processo eleitoral da Venezuela foi uma jornada "pacífica, democrática e soberana".
Uma estimativa de votos baseada em amostra estatisticamente representativa dos boletins de urnas realizada por um grupo independente de pesquisadores, incluindo brasileiros, aponta que Edmundo González, da oposição, venceu Nicolás Maduro por 66% a 31%, revela Leonardo Sakamoto. No domingo (28), o Conselho Nacional Eleitoral anunciou que Maduro havia vencido por 51% a 44%.
Oficialmente, o Brasil ainda não reconheceu a vitória de Maduro. União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, também continuam aguardando os dados dos boletins de urnas - que permitiriam a checagem da totalização dos votos.
Thais Bilenky relata que a declaração de Lula nesta terça foi um esforço para não se afastar demais do venezuelano e manter sua relevância regional e prestígio como mediador.
Há quem veja na fala de Lula uma pirueta mal calculada, um escorregão no salto sobre a mesa.
Raquel Landim apontou que a afirmação de Lula o coloca ao lado de autocratas como Vladimir Putin e Xi Jinping.
Josias de Souza escreveu: "Ao celebrar Maduro, o PT ignora os princípios que permitiram a Lula chegar ao poder: uma imprensa livre, uma justiça independente e o respeito à vontade do eleitorado."
Reinaldo Azevedo perguntou: "Até quando Lula vai permitir que Maduro manche sua biografia de democrata"?
***
Em Paris, Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Julia Soares -as integrantes da equipe feminina do Brasil na ginástica olímpica- entraram para a história ao conquistar a primeira medalha olímpica da história do país na competição por equipes. Um bronze que vale ouro.
Outros olhares
Milly Lacombe: Uma medalha construída por gerações e um brinde a Daiane dos Santos. Leia mais
PVC: O país da ginástica olímpica. Leia mais
Carlos Nobre: Como salvar a Amazônia do ponto de não retorno. Leia mais
Deixe seu comentário