'A truculência foi toda do choque', diz Glauber Braga sobre prisão na UERJ
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), detido durante a reintegração de posse na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).na tarde de sexta-feira (20), disse, em entrevista ao UOL, que "a truculência foi toda do choque". Além de Braga, três estudantes foram detidos, mas todos foram liberados posteriormente.
O que aconteceu
Deputado diz que atuou como mediador durante a desocupação. Glauber Braga afirmou que estava em uma panfletagem no centro do Rio de Janeiro quando foi informado por uma colega sobre a presença do Batalhão de Choque na universidade. "Atendendo ao pedido, fui para a universidade e cheguei praticamente ao mesmo tempo que o batalhão de choque", relatou.
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Deputado se disse preocupado com a integridade física dos estudantes. Em um dos vídeos postados pelo congressista, é possível vê-lo descendo uma rampa acompanhado pelos estudantes, momento em que é abordado pelos policiais. "Depois daquela cena, fui jogado no chão com um estudante e vi outro levar tapas da polícia", afirmou Braga.
O batalhão de choque entrou de qualquer forma, independentemente da tentativa de diálogo.
Glauber Braga, deputado federal (PSOL-RJ)
Braga e mais três estudantes foram colocados em um carro do Batalhão de Choque. "Dentro do carro, havia uma estudante algemada, e as algemas estavam muito apertadas, causando dor. Pedimos que as algemas fossem afrouxadas, mas, em vez disso, os policiais ameaçaram algemar outros dois estudantes. Felizmente, acho que minha presença ajudou a evitar que isso acontecesse", relatou o deputado.
Ninguém foi autuado. Na delegacia, Glauber Braga afirmou que, com a atuação dos advogados que os acompanharam, não houve autuação para nenhum dos estudantes, nem para ele próprio. "Todos fomos liberados ao mesmo tempo," concluiu o deputado.
Justiça determinou reintegração de posse na UERJ. Estudantes que ocupavam o prédio João Lyra Filho da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) foram informados por meio de um comunicado da reitoria que uma decisão da juíza da 13ª Vara determinava a desocupação "voluntária e pacificamente" do prédio.
PSOL diz que vai procurar STF
PSOL acionará o STF por detenção de deputado. Em nota, o PSOL anunciou que recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF), afirmando que a detenção do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) foi ilegal. O partido destacou que parlamentares possuem imunidade e só podem ser presos em flagrante por crime inafiançável.
Polícia sabia que Glauber era deputado, afirma parlamentar. Ele relatou que informou ao chefe do Batalhão de Choque que era parlamentar, o que, segundo ele, demonstra que a polícia sabia que estava prendendo um deputado.
Questionada sobre o episódio, a Polícia Militar do Rio de Janeiro não respondeu diretamente, mas enviou nota confirmando a operação. Segundo o comunicado, "durante as ações, um policial foi ferido e socorrido ao Hospital Central da Polícia Militar. Quatro indivíduos foram conduzidos à Cidade da Polícia, onde o fato foi registrado".
O que diz a UERJ
Universidade alega que tentou desocupação pacífica. Em nota publicada nas redes sociais, a UERJ afirmou que "um pequeno grupo, com ação violenta, tentou perturbar a liberação pacífica buscando entrar pela escada de incêndio" durante o processo de reintegração de posse do prédio João Lyra Filho.
Chegando ao limite da resistência pacífica, pessoas de rostos cobertos, armadas com pedaços de pau, romperam a porta e a barreira dos seguranças. Um deles se dirigiu à mangueira de incêndio, ligando-a e colocando em risco todas as pessoas presentes.
Reitoria da UERJ em nota
Universidade não comenta casos de violência. A UERJ foi questionada pela reportagem sobre as alegações de truculência policial contra os estudantes durante a desocupação, mas, até o fechamento desta matéria, a universidade não havia respondido.