Nísia sai, Padilha assume. Vai funcionar?

No primeiro (ou segundo, se Sidônio contar) lance da muito anunciada reforma ministerial, Lula tirou Nísia Trindade da Saúde e a substituiu por Alexandre Padilha, abrindo uma vaga nas Relações Institucionais. A gestão da ex-presidente da Fiocruz vinha sendo fonte de queixas de integrantes do Congresso, de membros do Palácio do Planalto e do próprio presidente, que chegou a fazer cobranças pela falta de uma marca forte na área.
"Se esperava que ela tivesse também predicados marqueteiros, Luiz Inácio da Silva (PT) equivocou-se de pessoa", escreve Dora Kramer em coluna na Folha.
O Planalto espera que Padilha possa trazer ganhos políticos para o governo, cuja popularidade cai mais rápido do que sobem os preços dos alimentos. "Vamos ver quais medidas ele vai tomar para fazer com que a Saúde vire um ministério importante politicamente para o presidente Lula em 2026. Porque é só nisso que os políticos estão pensando", resume Andreza Matais, no UOL News.
Resta ver também se Padilha pode ajudar na governabilidade e construção de alianças ou se o movimento será visto como benéfico apenas para o PT. "Se o ministro não dividir os recursos e os holofotes com as demais forças políticas, vai causar ciumeira e fragmentar ainda mais os já frágeis apoios do governo", avalia Raquel Landim.
Ainda ontem, e já dando a saída de Nísia como favas contadas, Josias de Souza chamava a atenção para a qualidade das trocas que se avizinham na Esplanada: "É impossível dizer como terminará a propalada reformulação da equipe de Lula. Mas já se pode afirmar que a coisa deu errado antes de ser concluída. Não há sobre o balcão nada que se pareça com mérito. As pretendidas mudanças relacionam-se com o tamanho do cofre de cada pasta, não com um projeto de país".
- Dora Kramer: A culpa que Nísia não tem
- Andreza Matais: Desafio de Padilha é tornar Saúde politicamente importante em 2026
- Raquel Landim: Com Padilha, Lula mantém bilhões do ministério da Saúde longe do centrão
- Josias de Souza: Reforma ministerial deu errado antes de ser concluída por Lula
Outros olhares
José Paulo Kupfer
Prévia da inflação assusta; o que esperar para o resto do ano? Leia mais
Vinicius Torres Freire
Inflação, discurso velho, petróleo novo e golpe de Bolsonaro, nada ajuda Lula Leia mais
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.