Lula acena à classe média e busca marca para 3º mandato

Sob perspectivas um pouco diversas, colunistas do UOL concordam no seguinte: a proposta de reforma do IR anunciada pelo governo hoje, isentando quem ganha até R$ 5 mil, busca agradar à classe média e reverter a queda de popularidade apontada em pesquisas.
"Com a aprovação em baixa, Lula precisa dialogar com a classe média e empreendedora que foi conquistada pela direita e capturada por Jair Bolsonaro em 2018", avalia Raquel Landim.
Leonardo Sakamoto foca em outra parte do plano: "É outra proposta, que vai correr casada a esta, que tem potencial para dar uma chacoalhada na nossa histórica injustiça tributária e, portanto, pode se tornar a grande marca que o governo está procurando: a taxação dos super-ricos".
Sobre essa, Josias de Souza é cauteloso: "O risco que Lula corre é o Congresso aprovar a isenção e dar de ombros para a compensação [a taxação dos mais ricos]". Sem isso, a conta não fecha.
Em tempo: para uma análise detalhada da proposta, recomendo demais a leitura da coluna de hoje de José Paulo Kupfer.
- Raquel Landim: Correção do IR é aposta de Lula para ganhar popularidade na classe média
- Leonardo Sakamoto: Taxação de super-ricos pode ser a marca que governo Lula estava procurando
- Josias de Souza: Com impopularidade a pino, Lula faz aceno tributário para classe C
- José Paulo Kupfer: Mudança no IR é só uma gambiarra, mas alivia faixas de classe média
"Asilo" de Eduardo é admissão de culpa
Difícil escapar da lógica apresentada por Leonardo Sakamoto: "Ao tirar licença do mandato de deputado federal, Eduardo Bolsonaro acaba chancelando a acusação de que estaria conspirando contra a democracia brasileira ao pedir ajuda a autoridades dos Estados Unidos para emparedar nossas instituições. Ou seja, ao ficar nos EUA por tempo indeterminado em vez de voltar ao país e defender sua posição, o filho 03 faz uma confissão de culpa".
Wálter Maierovitch acha que o deputado não respeita o mandato para o qual foi eleito e que lhe confere meios para lutar por o que quiser dentro do quadro institucional do Brasil, em vez de pleitear intervenção estrangeira. "Deveria renunciar", diz o jurista.
Raquel Landim também critica o teatro do ex-quase embaixador do Brasil nos EUA, mas atenta para informação publicada hoje por Letícia Casado: de que ministros do STF teriam pressionado Valdemar Costa Neto, presidente do PL, para que o partido não indicasse Eduardo para a presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. "Não cabe aos ministros do Supremo intervir nas atividades do Legislativo ou dos partidos políticos, seja ela quais forem", argumenta. "Defender a democracia não justifica o atropelo da própria democracia".
No mais, a rejeição pela PGR (e por Alexandre de Moraes) de apreender o passaporte do parlamentar enfraqueceu o seu discurso. "Agora, ele não vai ter mais uma desculpa como essa para poder ficar nos Estados Unidos", diz Andreza Matais ao UOL News.
- Leonardo Sakamoto: Filho 03 de Bolsonaro faz confissão de culpa ao tirar férias do mandato
- Wálter Maierovitch: 'Entreguismo' e 'infiel' aos eleitores: Eduardo Bolsonaro deveria renunciar
- Raquel Landim: O asilo fictício de Eduardo Bolsonaro e a pressão indevida do STF no PL
- Andreza Matais: PGR emparedou Eduardo Bolsonaro ao descartar apreender passaporte
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