Show da prisão de Poze é mais um capítulo do nosso racismo

Foi um show a prisão do Poze, não? Algemado, sem camisa, cercado de policiais. As suspeitas são de apologia ao crime e envolvimento com o tráfico. Mas não parece ser a gravidade dos crimes imputados ou a periculosidade do indivíduo que determinam como ele será conduzido à prisão.
Cris Guterres lembra como foi conduzido à cadeia o bicheiro branco Rogério de Andrade (acusado de mandar executar diversos assassinatos, lavagem de dinheiro, ligação com milícias etc.): "Neste país, a algema tem endereço, e quase sempre começa no mesmo lugar: na cor da pele".
Leonardo Sakamoto compara a prisão do funkeiro negro com o tratamento dispensado a Fernando Collor (acusação: propina de R$ 20 milhões), Thiago Brennand (estupro, agressão, cárcere privado, ameaça), Renato Cariani (tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de capitais ) e Roberto Jefferson (que lançou granadas e atirou contra policiais): "Não estou sugerindo que a régua seja baixada para que todos passem pelo mesmo que o MC Poze do Rodo. Pelo contrário, defendo que todos acusados por crimes sejam tratados como Collor, Brennand, Jefferson e Cariani, independente de sua cor de pele, lugar de classe e tamanho da conta bancária".
E, para quem tem interesse em refletir se uma música pode conter um crime de apologia, recomendo este vídeo do músico e profesor Thiagson.
- Cris Guterres: Neste país, a algema tem endereço
- Leonardo Sakamoto: Show da prisão de MC Poze contrasta com a de Collor, Brennand e Jefferson
- Thiagson: Arte é a forma mais saudável de contar mentira
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