O Congresso vai assumir sua responsabilidade na questão fiscal?

Mais um dia normal em Brasília: o que poderia ser uma sessão séria de debate do ministro da Economia com deputados virou uma baixaria lacradora. E o problema fiscal segue intocado.
O governo se vê com cada vez menos alternativas. Depois do suposto acordo firmado com Motta e Alcolumbre no domingo à noite, o presidente da Câmara parece ter se transformado em outra pessoa. Amanda Klein crava: "Do jeito que está, MP de Haddad será barrada".
E o Congresso parece não ter disposição para propor soluções. "Tem PEC para tratar da reforma administrativa à disposição do presidente da Câmara. Tem projeto na Câmara para limitar os supersalários... A questão que se coloca é se há, de fato, essa disposição. Claro que não há. Até porque discutir gastos significa discutir as emendas parlamentares", diz Felipe Salto no UOL News.
Adriana Fernandes acredita que só a proposta de cortar 10% dos benefícios tributários mostrará a real disposição doos parlamentares em avançar num plano mínimo para salvar as contas do governo. "Só essa proposta tem condições de cobrir o buraco no curto prazo", pondera. Porém, para o momento, o que temos é a conclusão da sua coluna: "Haddad, Motta e Alcolumbre, sócios das medidas como alternativa à alta do IOF, fizeram o anúncio em tom histórico. Está gravado. O impasse é a cara do Brasil de hoje".
- Amanda Klein: Do jeito que está, MP de Haddad será barrada
- Felipe Salto: "Hipocrisia do Congresso com corte de gastos impressiona"
- Adriana Fernandes: Corte de 10% dos incentivos fiscais é teste para o Congresso
Retórica, desculpas e entubada

O julgamento do primeiro núcleo da trama golpista, especialmente a fase de depoimento dos réus, seguiu rendendo análises no UOL e na Folha hoje (e no fim da noite de ontem). Destaco aqui três palavras usadas por Jair Bolsonaro que, por uma razão ou outra, chamam a atenção.
A primeira é o uso que o capitão faz de "retórica" como desculpa para mentira, calúnia. "Para o ex-presidente, é aquilo que o levaria a pronunciar as barbaridades mais violentamente ilegais e mentirosas quando, na verdade, suas intenções sempre foram de uma pureza de Francisco de Assis entre os passarinhos", anota Sérgio Rodrigues. A partir daí, o escritor retoma as considerações de Aristóteles sobre o conceito e conclui de uma forma que eu acho que você deveria ler (aqui).
Ruy Castro ilumina o uso de "entubar" ("tivemos que entubar o resultado das eleições"), que não é surpreendente na boca de quem proferiu "eles querem a nossa hemorroida" em reunião ministerial, mas não se espera de um réu no no STF.
Por fim, a repetição de pedidos de desculpas impressionou Josette Goulart na Tixa News: "Bolsonaro pediu umas dez desculpas para o Xandão durante seu depoimento no Supremo sobre as tramas golpistas. Em algum momento, chegou a convidar Xandão para ser seu vice em 2026. Quem te viu e quem te vê, hein, capitão? Foi uma fraquejada?".
- Sérgio Rodrigues: Bolsonaro quer pôr a culpa na retórica
- Ruy Castro: Bolsonaro entubou
- Tixa News: O dia em que Bolsonaro pediu desculpas pro Xandão
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