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Relatório da ONU pode sugerir fonte de ataque com armas químicas na Síria

12/09/2013 19h40

Por Louis Charbonneau e Anthony Deutsch

NAÇÕES UNIDAS/AMSTERDÃ, 12 Set (Reuters) - Especialistas em armas químicas da ONU não vão culpar explicitamente qualquer parte no relatório que divulgarão sobre o ataque com gás em 21 de agosto na Síria, mas diplomatas dizem que seu relato factual já poderia sugerir qual lado na guerra civil era responsável.

Os Estados Unidos e outras potências ocidentais culpam as forças leais ao presidente sírio, Bashar al-Assad, pelo ataque. O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que há "todas as razões para acreditar" que o ataque foi realizado pelos rebeldes.

O embaixador francês na Organização das Nações Unidas (ONU), Gerard Araud, disse a jornalistas que segunda-feira é a data prevista para o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, apresentar o relatório do investigador-chefe Ake Sellstrom ao Conselho de Segurança.

Diplomatas ocidentais disseram que Ban, que tem sido muito crítico ao governo sírio durante a guerra civil de dois anos e meio, pode optar por dizer se os fatos sugerem ou não que as forças de Assad são responsáveis.

Dois diplomatas ocidentais afirmaram que esperam fortemente que o relatório de Sellstrom confirme o ponto de vista dos EUA de que o gás sarin foi usado no ataque a subúrbios de Damasco, matando mais de 1.400 pessoas.

O relatório poderá se tornar uma moeda de troca nas negociações entre a Rússia e as potências ocidentais sobre as condições para a Síria desistir de suas armas químicas e os termos de uma resolução do Conselho de Segurança sobre o assunto.

"Esperamos que (o relatório) tenha uma narrativa de evidências", disse um funcionário da ONU.

Os dois diplomatas ocidentais disseram esperar que esses fatos apontem indiretamente na direção do governo sírio. Eles se recusaram a falar.

Um terceiro diplomata ocidental disse que, embora o relatório não acusará diretamente ninguém de realizar o ataque devido a limitações ao mandato de Sellstrom, poderá incluir fatos que sugerem a culpa.

"Enquanto Sellstrom não pode dizer de quem é a culpa, não há nada que impeça o secretário-geral de interpretar os fatos e dizer que a culpa parece apontar para uma certa direção", disse o diplomata.

O blog "The Cable", da revista Foreign Policy, citou diplomatas na quarta-feira expressando opiniões semelhantes, de que os fatos no relatório de Sellstrom sugeririam a culpabilidade do governo Assad.

Tais fatos poderiam incluir as trajetórias dos projéteis carregados com gás, indicando se eles vieram de áreas do governo ou dos rebeldes. Os relatos também poderiam envolver observações das áreas que foram atacadas, os tipos de armas utilizadas, a qualidade e a concentração de vestígios de qualquer toxina química.

O porta-voz da ONU Farhan Haq se recusou a comentar sobre o conteúdo do relatório, que, segundo ele, Ban ainda não recebeu. O representante da Síria na ONU, embaixador Bashar Ja'afari, pediu a repórteres para não especular sobre o relatório de Sellstrom.

(Reportagem adicional de Michelle Nichols)