PF faz busca em residências de Cunha e ministros
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UESLEI MARCELINO
BRASÍLIA (Reuters) - A Polícia Federal realiza ação nesta terça-feira para cumprir mandados de busca e apreensão em residências do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e contra dois ministros e outros políticos como parte de uma nova etapa da operação Lava Jato.
Imagens de TV mostraram carros e agentes da PF tanto na residência oficial de Cunha em Brasília como na casa do deputado na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro. A assessoria de comunicação do deputado confirmou que ele estava em sua casa na capital federal durante a ação policial.
Os mandados foram autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, responsável pelas ações decorrentes da Lava Jato na corte, com relação a sete processos instaurados a partir das investigações, de acordo com nota da Polícia Federal.
"As buscas ocorrem na residência de investigados, em seus endereços funcionais, sedes de empresas, em escritórios de advocacia e órgãos públicos", afirmou a PF. Foram expedidos no total 53 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Pernambuco, Alagoas, Ceará e Rio Grande do Norte.
A operação deflagrada pela PF nesta terça-feira também teria como alvo, além do presidente da Câmara, os ministros da Ciência e Tecnologia Celso Pansera, eleito deputado pelo PMDB do Rio de Janeiro, e do Turismo, Henrique Eduardo Alves, eleito deputado pelo PMDB do Rio Grande do Norte, segundo uma fonte do STF.
O ex-ministro de Minas e Energia e atual senador Edison Lobão (PMDB-MA) e o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) também seriam alvo da operação da PF, segundo reportagens. A PF também realiza busca e apreensão na Câmara dos Deputados.
Cunha foi denunciado pelo Ministério Público Federal por suspeita de participação em irregularidades investigadas pela operação Lava Jato, que apura um esquema bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras.
Segundo a denúncia apresentado pelo MPF ao Supremo Tribunal Federal (STF), Cunha recebeu 5 milhões de dólares de propina como parte do esquema de corrupção para facilitar e viabilizar a contratação de um estaleiro pela Petrobras. O deputado nega as irregularidades.
Além da denúncia de envolvimento na Lava Jato, Cunha é alvo de um processo no Conselho de Ética da Câmara que pode resultar na cassação de seu mandato. Ele é acusado de mentir ao negar na CPI da Petrobras possuir contas bancárias no exterior e, depois disso, documentos dos Ministérios Públicos do Brasil e da Suíça apontaram a existência de contas em nome do deputado e de familiares no país europeu.
Está prevista para esta terça-feira a leitura do parecer do novo relator do processo contra Cunha no Conselho de Ética, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), após diversos adiamentos e a troca do relator anterior, Fausto Pinato (PRB-SP), que havia apresentado parecer favorável ao andamento do processo contra Cunha.
A ministra Rosa Weber, do STF, negou liminar por meio da qual o PRB, Pinato e outros dois integrantes do conselho pediam o retorno de Pinato à função de relator.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; Reportagem adicional de Silvio Cascione, Leonardo Goy e Lisandra Paraguassu)