Fãs fazem fila por horas para o show dos Rolling Stones em Cuba
HAVANA (Reuters) - Fãs cubanos dos Rolling Stones, que por muito tempo esperaram pela banda, e estrangeiros em viagem especial formavam uma longa fila do lado de fora de um complexo esportivo em Havana horas antes dos portões se abrirem nesta sexta-feira para um histórico show de rock em Cuba.
Os integrantes da banda vão se tornar as primeiras grandes estrelas do rock internacional a tocar em Cuba, em um show gratuito, na noite desta sexta.
Os fãs começaram a chegar mais de 12 horas antes do horário do show. Barreiras impediam o acesso aos campos de futebol e beisebol onde centenas de milhares de pessoas devem se aglomerar para o show.
"Eu amo tanto o Mike Jagger. Eu sempre sonhei com isso. Eu não consegui dormir sabendo que eu estaria aqui”, disse Angela Menendez, que limpa pisos em um hospital. Ela disse que chegou ao local do show ainda de madrugada.
As pessoas vestiam jeans, camisetas, botas, com a língua símbolo dos Stones. Não havia nenhum empreendedor vendendo camisas ou outros produtos relacionados à banda.
Os cubanos começaram a colorir a língua com as estrelas e listras da bandeira norte-americana, ou, por engano, acreditando que os astros britânicos do rock são norte-americanos, ou no espírito da visita histórica do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, à Cuba nesta semana.
Bob Pover, um consultor de Montreal, no Canadá, afirmou que planejava vir ao show desde dezembro, quando ouviu pela primeira vez os rumores que os Stones tocariam em Havana.
"Eu não sou um grande fã dos Rolling Stones, mas isso é história. Como perder?”, disse ele. "Isso é mais do que um show musical.”
O governo comunista já baniu os Stones e outras bandas de rock por serem um “desvio ideológico”. Embora nunca tenha sido uma lei, a norma não perdeu força até os anos 1980.
“O tempo muda tudo”, afirmou Jagger à imprensa na sua chegada à Havana na quinta-feira.
Sjoerd Olrichs, de 67 anos, disse que havia se tornado um fã da banda quando ouviu a música “Not Fade Away” na rádio da sua nativa Holanda em 1964. Desde 1970, ele já viu 77 shows dos Stones.
"Para mim não é ver os Rolling Stones. É ver os Rolling Stones em Cuba. Isso é especial para o povo cubano”, disse.
Para Juan Carlos Leon, 57 anos, é mais do que especial. "Para mim é uma consagração", disse ele. “Eu esperei a minha vida toda por isso. Os Stones são os maiores.”
(Reportagem de Daniel Trotta; reportagem adicional de Nelson Acosta)