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Pregos e removedor de esmalte: homens-bomba em Bruxelas prepararam coquetel "satânico"

Robin Emmott

Em Bruxelas

25/03/2016 18h35

Um bloco de apartamentos vazio em uma rua tranquila acabou sendo o lugar perfeito para os três suspeitos dos ataques em Bruxelas prepararem as bombas caseiras de pregos que explodiram no aeroporto e no metrô da capital belga na terça-feira, matando pelo menos 31 pessoas.

Em um prédio em reforma, não havia vizinhos por perto para observá-los levando grandes quantidades de produtos químicos domésticos com cheiro forte, bem como uma mala de pregos, para produzir um instável pó branco explosivo conhecido como TATP -- ou triperóxido de triacetona --, que usaram mais tarde em seus ataques.

O explosivo é feito com produtos facilmente encontrados no comércio: ácido sulfúrico, encontrado em produtos usados para desentupir encanamentos, água oxigenada e acetona, comumente vendida como removedor de esmalte.

"Mesmo que tivessem sido parados por alguém, eles poderiam ter dito que o material era para a reforma", disse Hassan Abid, funcionário da prefeitura local, que estava tentando determinar por que as autoridades não tinham conhecimento dos homens que viviam ilegalmente no quinto andar.

Hospital em Bruxelas mostra raio-x de vítima do atentado com prego ou parafuso no peito Imagem: Military Hospital in Neder-over-Heembeek/EPA/Guardian

Investigadores belgas não responderem a perguntas sobre o caso.

Tendo se mudado dois meses antes, os irmãos belgas Khalid e Brahim El Bakraoui usaram o apartamento no bairro de Schaerbeek, majoritariamente de classe média, como um laboratório-esconderijo. A partir dali, Brahim e outros dois homens pegaram um táxi na terça-feira de manhã para o aeroporto para cometer os ataques.

Violenta rede de radicais

A escolha de explosivos de baixo custo - entre os ingredientes estão limpador de ralo e removedor de esmaltes -, o aparente conhecimento de química e a capacidade de preparo em um apartamento a 15 minutos de carro do aeroporto devem oferecer pistas sobre os métodos de fabricação de bombas do Estado Islâmico. Os investigadores tentam entender como o grupo com sede na Síria construiu uma violenta rede de jovens radicais belgas.

A pronta disponibilidade de ingredientes, em comparação com explosivos militares que eram usados por grupos militantes mais antigos, como o IRA na Irlanda do Norte ou separatistas bascos do ETA em Espanha, ressalta o risco em toda a Europa de mais ataques de grande porte.

No entanto, a necessidade de instalações para a fabricação de quantidades de TATP ao longo de várias semanas e a validade da mistura final de apenas alguns dias tornam os fabricantes de bombas vulneráveis aos intensivos esforços de busca.

A polícia francesa e a belga tiveram êxito em encontrar e neutralizar "fábricas" de bombas, a mais recente delas no subúrbio parisiense de Argenteuil, na quinta-feira.

Militantes têm usado identidades falsas e instalações listadas pelas autoridades municipais como desocupadas para escaparem aos controles de residência.

Mãe de Satanás

A polícia de Bruxelas não conseguiu encontrar o apartamento em Schaerbeek a tempo, mas descobriu o local pouco depois dos ataques, ajudada pelo motorista de táxi que involuntariamente levou os três homens para o aeroporto.

O TATP é um explosivo altamente volátil. Insurgentes palestinos que fizeram experiências com ele na década de 1980 apelidaram a substância de "a mãe de Satanás" porque o pó de cristal branco pode ser facilmente detonado por um cigarro, um fósforo ou pelo calor em demasia.
 

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