Dólar segue exterior e sobe à casa de R$3,36, à espera de meta fiscal
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta frente ao real pela quinta sessão seguida nesta quinta-feira com a queda dos preços do petróleo alimentando o mau humor nos mercados globais e com investidores adotando cautela antes da divulgação da meta fiscal para o ano que vem.
A atuação do Banco Central no mercado de câmbio também contribuiu para a moeda norte-americana subir.
O dólar avançou 0,87 por cento, a 3,3659 reais na venda, após chegar a 3,3669 reais na máxima e 3,3207 reais na mínima do dia. A moeda norte-americana acumulou alta de 4,75 por cento em cinco sessões.
O dólar futuro subia cerca de 1 por cento no fim da tarde.
"Houve uma piora relevante nos mercados lá de fora e o clima aqui ainda é moderado, de prudência", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
Pela manhã, o dólar havia recuado em relação às principais moedas emergentes, um alívio após vários dias de mau humor. Esse movimento perdeu força, porém, após os preços do petróleo passarem a desabar, revivendo a aversão a risco nas praças financeiras internacionais.
A alta do dólar nos últimos dias veio em meio à apreensão nos mercados globais com as possíveis consequências econômicas da decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia (UE), além da atuação do Banco Central brasileiro.
Nesta quinta-feira, o BC ofertou e vendeu integralmente pela quinta sessão seguida 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares. A interpretação da maioria dos operadores é que a autoridade monetária quer corrigir o recente ritmo exageradamente rápido de desvalorização do dólar, que marcou em junho a maior queda mensal em 13 anos.
Operadores também adotavam cautela antes da definição da meta fiscal do ano que vem, às 18:00.
"O assunto principal do dia é a questão da meta fiscal", resumiu mais cedo o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
Uma fonte da equipe econômica afirmou à Reuters que o governo deve fixar rombo primário de 140 bilhões a 150 bilhões de reais para 2017, abaixo dos 170,5 bilhões de reais previstos para este ano. Mas a disputa dentro do governo em torno do tema era intensa, com a ala política defendendo um rombo maior para não afetar ainda mais a economia em recessão e garantir um ambiente político mais favorável diante da necessidade de aprovar medidas no Congresso Nacional.
Na véspera, a alta da moeda norte-americana havia sido influenciada por preocupações com a possibilidade de o governo se contentar com uma meta fiscal pouco ambiciosa para 2017.
"Vai ser difícil o mercado comprar o discurso do gradualismo no ajuste. Já faz anos que ouvimos essa história e agora é a hora de ações, não palavras", resumiu o superintendente de derivativos de uma gestora de recursos internacional.
(Edição de Patrícia Duarte)