Atletas olímpicos dos EUA punidos por gesto de protesto em 1968 serão recebidos na Casa Branca
Por Sharon Bernstein e Alex Dobuzinskis
(Reuters) - Tommie Smith e John Carlos, os dois afro-norte-americanos mandados de volta para casa durante a Olimpíada de 1968 por terem protestado no pódio erguendo o punho, terão nesta semana um momento de redenção longamente aguardado em um evento da delegação olímpica dos Estados Unidos na Casa Branca.
Os dois foram convidados pelo Comitê Olímpico dos EUA para comparecerem a um jantar de gala na quarta-feira em Washington em homenagem à delegação olímpica de 2016, e a acompanharem a equipe quando esta se encontrar com o presidente dos EUA, Barack Obama, na Casa Branca no dia seguinte, disse Carlos à Reuters no domingo.
A imagem de Smith e Carlos, medalhistas de ouro e bronze na prova dos 200 metros na Cidade do México, erguendo os punhos enluvados se tornou um símbolo duradouro da luta pela igualdade racial.
Seu exemplo veio à tona diversas vezes nas últimas semanas como inspiração para jogadores afro-norte-americanos da Liga Nacional de Futebol Americano (NFL) e jogadores universitários que vêm protestando contra a injustiça racial após mortes a tiros de vários negros causadas por policiais.
Smith e Carlos pagaram um preço alto por seu protesto, não somente com o Comitê Olímpico, mas também no tribunal da opinião pública.
"Era contra a carta do Comitê Olímpico fazer um pronunciamento político no pódio da vitória", disse Carlos em uma entrevista por telefone. "Mas sentimos que era o único lugar no qual podíamos fazer o pronunciamento na época".
Usando meias pretas, os dois atletas abaixaram a cabeça e ergueram os pulsos no ar durante a execução do hino dos EUA, chocando o mundo e muitos norte-americanos que ainda se recuperavam de um ano turbulento para a luta por direitos civis. Eles foram suspensos da delegação olímpica dos EUA e enviados de volta ao seu país.
O gesto foi interpretado amplamente como uma saudação 'black power', mas os esportistas mais tarde o descreveram como "uma saudação aos direitos humanos".
Carlos disse que não quer, e nem espera, uma desculpa explícita do Comitê Olímpico por mandá-lo, e ao colega Smith, de volta para casa, porque suas ações foram uma violação clara de uma regra.
Ele disse, porém, que, ao longo do tempo, e pelo fato de sua saudação de punhos erguidos ter se tornado uma espécie de precedente, as autoridades olímpicas dos EUA passaram a ter uma compreensão melhor das razões por trás do protesto.