Setor público consolidado tem déficit primário de R$22,267 bi em agosto, pior para mês na série

BRASÍLIA (Reuters) - O setor público brasileiro teve déficit de 22,267 bilhões de reais em agosto, dado mais fraco para o mês na série histórica iniciada pelo Banco Central em dezembro de 2001, num retrato da contínua deterioração das contas públicas num ambiente de queda das receitas e despesas sob forte pressão.

A performance de agosto também frustrou expectativas de analistas de um déficit mais baixo, de 18,5 bilhões de reais, segundo pesquisa Reuters.

No mês, o resultado primário do governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência) ficou negativo em 22,143 bilhões de reais, enquanto Estados e municípios tiveram déficit de 653 milhões de reais. Já as empresas estatais registraram um superávit de 529 milhões de reais.

De janeiro a agosto, o déficit do setor público consolidado somou 58,859 bilhões de reais, bem acima do resultado negativo em 1,105 bilhão de reais de igual período do ano passado.

Em 12 meses, o rombo foi a 2,77 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), somando 169,003 bilhões de reais e já superando o alvo fiscal estabelecido para o ano. Isso ocorreu porque a cifra incorpora os dados dos últimos meses de 2015, quando houve impacto expressivo do pagamento das chamadas pedaladas fiscais em dezembro.

Em 2016, a meta é de um déficit de 163,9 bilhões de reais para o setor público consolidado, correspondente a 2,6 por cento do PIB. Se confirmado, este será o pior resultado das contas públicas da história, e o terceiro consecutivo no vermelho.

Como consequência dos dados negativos, o endividamento público segue em trajetória de alta. Em agosto, a dívida líquida passou a 43,3 por cento do PIB, contra estimativa de 43,2 por cento em pesquisa da Reuters e um resultado de 42,5 por cento em julho.

Por sua vez, a dívida bruta cresceu a 70,1 por cento do PIB, ante 69,6 por cento no mês anterior.

Nesta sexta-feira, o BC revisou suas estimativas para 2016, passando a prever que a dívida líquida encerrará o ano em 46,2 por cento do PIB, num salto ante o patamar de 36,2 por cento de dezembro do ano passado.

Para a dívida bruta, o BC projeta que responderá por 73,0 por cento do PIB em 2016, ante 66,5 por cento no fim de 2015.

(Por Marcela Ayres)

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