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Padilha defende Renan e diz que ação no Senado deveria ter passado pelo STF

25/10/2016 14h58

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, deu razão nesta terça-feira ao presidente do Senado, Renan Calheiros, que reclamou do Senado ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal com base na decisão de um juiz de primeira instância.

Ao sair de um encontro com a Frente Parlamentar Agropecuária, Padilha minimizou a crise entre Renan e o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes --que defendeu a operação da PF--, mas disse concordar que a ação deveria ter passado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

"Eu pessoalmente entendo o presidente Renan quando diz que o diálogo com o Senado tem que ser estabelecido pela Suprema Corte. Ele tem razão. Essa é uma posição pessoal, não do governo, mas penso que ele poderia ter pedido, como pediu, que a relação se estabelecesse com o Supremo Tribunal Federal", disse o ministro.

Renan anunciou na segunda-feira que iria entrar com uma ação no STF para definir "claramente" a competência dos Poderes. Em uma fala dura, o presidente do Senado chamou de "juizeco" o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, que autorizou a operação Métis, em que foram presos servidores da polícia legislativa acusados de atrapalhar ações da operação Lava Jato em benefício de senadores.

Irritado, Renan ainda disse que o ministro da Justiça agiu como um "chefete de polícia". Moraes, orientado pelo Planalto, não respondeu.

"Eu penso que o ministro Alexandre e o presidente Renan têm contribuído muito para o processo de desenvolvimento das ações entre o Executivo e o Legislativo, e esse episódio em pouco tempo será coisa do passado. Ambos estavam com a consciência de que estavam cumprindo com seu dever", afirmou Padilha, acrescentando que o "tempo irá mostrar que não haverá nenhuma rusga".

Ainda nesta terça-feira, a briga entre poderes teve mais um capítulo com um duro discurso da presidente do STF, Cármem Lúcia, em sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

"Numa democracia o juiz é essencial como são essenciais os membros de todos os outros Poderes, que nós respeitamos. Mas exigimos o mesmo e igual respeito", disse a ministra. "O que não é admíssivel é que, fora dos autos, qualquer juiz seja diminuído ou desmoralizado, porque, como eu disse, quando um juiz for destratado, eu também sou, qualquer um de nós juizes é".

O presidente do Senado esteve ontem no Palácio do Planalto para uma conversa com Temer, sob a desculpa que seria para tratar da tramitação da PEC do teto de gastos no Senado. O Planalto tenta se manter distante da polêmica e esfriar os ânimos.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)