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Enquanto o México saúda reforma de telecomunicações, povos rurais procuram conexão

27/10/2016 21h09

SANTA CRUZ ITUNDUJIA, México (Reuters) - Nas remotas montanhas do Estado de Oaxaca, no México, a reforma de telecomunicações do presidente Enrique Pena Nieto, que recebeu os créditos por ter reduzido os preços para muitos mexicanos e impulsionado a competição contra a America Movil, do bilionário Carlos Slim, está aquém do esperado.

"Em uma situação de urgência, seja por causa de um acidente ou se acontecer alguma emergência na cidade, não há como se comunicar", disse Eric Cruz, 37 anos, o prefeito de Santa Cruz Itundujia, cidade localizada nas montanhas de Sierra Sur, a seis horas da capital do Estado de Oaxaca.

Estima-se que quase um terço da população do México viva sem assinatura de internet móvel, segundo o órgão do setor de internet sem fio global GSMA, o que significa que a segunda maior economia da América Latina tem umanível menor de usuários de celulares que países como Argentina, Uruguai e Nicarágua.

Por enquanto, lugares como Santa Cruz Itundujia sobrevivem usando uma rudimentar rede de rádio para alcançar comunidades distantes, ou soluções instáveis e improvisadas como os baratos repetidores de sinal celular. Os povoados mais distantes não têm nem mesmo telefones públicos para se conectar ao mundo exterior.

Sem dúvida, a reforma mexicana fez coisas boas, como criar licenças especiais para pequenas operadoras rurais. Mas o principal projeto de cobertura, uma licitação para construir uma rede móvel no atacado, que seria concedida no fim deste ano, tem alcance mínimo de 85 por cento e recentes cortes no orçamento dizimaram o programa de internet pública.

O México tem o acesso à cobertura celular mais desigual na América Latina, segundo um recente relatório do Banco Mundial. O país não publica números oficiais sobre a porcentagem de sua população que vive em áreas com nenhuma, ou pouca, cobertura.

A America Movil, maior provedora de redes para celulares no México disse que sua rede atinge quase 95 por cento da população. O governo não publica auditorias destes números.

(Por Christine Murray)