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Crise na Venezuela e paz da Colômbia dominam Cúpula Íbero-Americana

Líderes acenam durante a foto da Cúpula XXV Ibero-Americana em Cartagena, Colômbia - Luis Acosta/AFP
Líderes acenam durante a foto da Cúpula XXV Ibero-Americana em Cartagena, Colômbia Imagem: Luis Acosta/AFP

Julia Symmes Cobb

Da Reuters, em Cartagena

29/10/2016 17h01

A escalada da crise política na Venezuela e o complicado processo de paz da Colômbia dominaram as discussões na Cúpula Íbero-Americana neste sábado (29), à frente da agenda oficial sobre juventude, empreendedorismo e educação.

Em meio a uma inclinação à direita na região, o presidente do Peru e ex-banqueiro de investimentos, Pedro Pablo Kuczynski, liderou os pedidos para que os chefes de Estado não ignorassem os problemas da Venezuela. 

"O país vizinho está sofrendo uma tremenda crise econômica e também uma crise de direitos políticos e eu também diria de direitos humanos", afirmou Kuczynski aos líderes na cidade costeira de Cartagena, na Colômbia.

"Não há nenhum anseio em interferir no que acontece em outros países", disse. "Mas há anseio em assegurar a todos os latino-americanos progresso e não regresso."

A Venezuela, apesar de ter a maior reserva de petróleo do mundo, está atolada em uma prolongada recessão, prejudicada ainda mais pela depreciação da moeda e pelos baixos preços do petróleo, com muitas pessoas pulando refeições por causa da falta de comida e do avanço dos preços.

O governo socialista do país enfrenta uma série de protestos da oposição depois de autoridades eleitorais terem suspendido um referendo sobre o mandato do presidente Nicolás Maduro que poderia retirá-lo do cargo.

Maduro, 53 anos, venceu por uma pequena margem a eleição para suceder Hugo Chávez em 2013, mas viu sua popularidade cair durante uma profunda crise econômica. Ele não estava participando da cúpula.

Chefes de estado e oficiais de toda a América Latina, assim como Portugal e Espanha, foram à reunião em Cartagena e devem publicar um comunicado ainda neste sábado.

Anfitriã da cúpula, a Colômbia, por sua vez, está tentando salvar um plano de paz que foi difícil de ser acordado com as Forças Revolucionárias Armadas da Colômbia, as FARC.

O acordo, fechado depois de quase quatro anos de difíceis negociações, foi rejeitado em um plebiscito realizado neste mês por uma pequena diferença. Os líderes regionais reuniram-se no mesmo centro de conferências em que o acordo foi assinado em setembro.

"Paz para a Colômbia será uma realidade", disse o presidente colombiano Juan Manuel Santos em discurso de abertura na conferência. "Nós não vamos trair as esperanças dos colombianos ou da comunidade internacional."