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Com agravamento de crise, Maduro deve se reunir com a oposição na Venezuela

30/10/2016 15h45

Por Andrew Cawthorne e Daniel Kai

CARACAS (Reuters) - O presidente venezuelano Nicolas Maduro deve se encontrar no domingo com representantes da oposição e mediadores internacionais, um gesto que seus adversários suspeitam ser uma estratégia para gastar tempo e aliviar a pressão sofrida pelo impopular líder socialista. 

A coalizão União Democrática, de oposição, aumentou os protestos desde que as autoridades impediram a realização de um referendo neste ano sobre o governo de Maduro, no qual as pesquisas demonstraram que ele perderia, fato que levaria a uma eleição presidencial. 

Críticos dizem que os últimos 17 anos de governo socialista arruinaram a economia do país membro da Opep, fragilizando sua democracia enquanto o governo diz que a elite apoiada pelos Estados Unidos busca um golpe de Estado. 

Maduro afirmou que irá pessoalmente à reunião no domingo, que deve acontecer em Caracas, enquanto o secretário geral da coalizão Jesus Torrealba irá representar as suas quase 30 organizações políticas diferentes. 

Também devem comparecer um enviado do Vaticano, representantes do bloco regional Unasul, e três ex-chefes de Estado da Espanha, Panamá e República Dominicana. 

Torrealba, em um blog, disse que a agenda da oposição consistiria em ressuscitar o plebiscito, libertar prisioneiros políticos, auxiliar as vítimas da "crise humanitária" na Venezuela, e exigir respeito para o parlamento, atualmente liderado pela oposição. 

"Pode haver conclusões importantes que permitam uma atenuação do conflito, um retorno para o caminho eleitoral, e um distanciamento da tempestade da violência", disse. 

"Não há como negar: há ceticismo e desconfiança". 

Vários líderes da oposição se distanciaram das negociações, dizendo que Maduro se tornou um ditador que está apenas promovendo o diálogo para se fortalecer em sua posição. 

"Todo mundo sabe que o presidente Nicolas Maduro e seu regime usam o diálogo como um mecanismo para evadir responsabilidades constitucionais e ganhar tempo", disseram 15 partidos da coalizão em uma carta que exigia que Torrealba utilizasse a reunião de domingo apenas para negociar a saída de Maduro neste ano. 

O ministro venezuelano das Relações Exteriores Delcy Rodriguez disse que Maduro, de 53 anos, não esteve presente à cúpula Ibero-americana na Colômbia para se preparar para a reunião de domingo. 

O encontro de domingo segue uma série de protestos e marchas da oposição, incluindo uma greve nacional parcialmente bem sucedida na semana passada. 

A oposição também planeja uma marcha até o palácio presidencial de Miraflores na próxima quinta-feira, o que levanta acusações governamentais de que eles querem reprisar o episódio do golpe frustrado de 2002, contra o antecessor de Maduro, Hugo Chavez. Ele permitiu um referendo à época e venceu nas urnas.