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Na aliada Venezuela, lágrimas e comemoração após a morte de Fidel Castro

 Um membro da milícia venezuelana faz patrulha próximo a um cartaz do ex-presidente cubano Fidel Castro em Caracas, na Venezuela  - Fernando Llano/AP
Um membro da milícia venezuelana faz patrulha próximo a um cartaz do ex-presidente cubano Fidel Castro em Caracas, na Venezuela Imagem: Fernando Llano/AP

Alexandra Ulmer

Em Caracas

26/11/2016 16h47

Os socialistas venezuelanos lamentaram neste sábado a morte do líder cubano Fidel Castro enquanto políticos de oposição celebraram a morte de um homem que eles chamam de ditador que ajudou a quebrar a economia e cujo país foi beneficiado por anos de petróleo venezuelano subsidiado.

Os dois governos latino-americanos se tornaram aliados íntimos sob os comandos de Fidel e de seu jovem discípulo, o falecido líder venezuelano Hugo Chávez. A relação de ambos foi escorada em generosas remessas de barris de petróleo venezuelano direto para a ilha comunista, em troca de médicos, treinadores esportivos e conselheiros de segurança cubanos.

Mas essa ajuda econômica a Cuba caiu significativamente nos últimos anos depois que a Venezuela, agonizando com uma crise econômica brutal, teve de cortar o envio de petróleo bruto ao parceiro.

A Venezuela costumava mandar a Cuba cerca de 100 mil barris por dia, mas dados obtidos pela Reuters mostram que houve uma queda em 40 por cento nos carregamentos de petróleo bruto na primeira metade do ano na comparação com 2015, e há indícios de que pode cair ainda mais.

Depois que Chávez morreu de câncer em 2013, tendo se tratado em Cuba, a relação especial entre os dois governos também esfriou.

O sucessor de Chávez, Nicolás Maduro, e Raúl Castro, que assumiu no lugar de seu irmão mais velho em 2008, não têm uma conexão muito grande.

De fato, Maduro pareceu contrariado quando Raúl Castro, considerado um pragmático, anunciou que estava procurando restaurar laços diplomáticos com o inimigo "imperialista" em comum dos dois países, os Estados Unidos, em 2014.

Ainda assim, não há sinais evidentes de rompimento entre os países, e Maduro neste sábado exaltou Fidel.

"O comandante Fidel Castro passou para a imortalidade", disse Maduro, emocionado, à emissora Telesur no começo deste sábado, acrescentando que conversou com Raúl. "É um grande golpe para todos os revolucionários do mundo. Nossos sentimentos estão com o nobre, heróico e corajoso povo de Cuba."

Maduro publicou no Twitter fotos de Fidel e Chávez em roupas militares e se abraçando, e concluiu com a famosa frase esquerdista. "Hasta la victoria, siempre."

Enquanto isso, a oposição venezuelana comemorava, publicado em mídias sociais imagens que incluíram uma de Chávez e Fidel reunidos no inferno.

"Vivemos definitivamente uma mudança de era, uma ditadura está morrendo", escreveu no Twitter o parlamentar oposicionista Juan Guaido.