Morte de Fidel Castro provoca melancolia até entre dissidentes em Cuba
As Damas de Branco, grupo dissidente mais proeminente de Cuba, cancelou neste domingo pela primeira vez em 13 anos sua marcha semanal de protesto, após a morte de seu inimigo Fidel Castro, líder revolucionário cuja morte gerou um mal-estar generalizado na ilha.
Fidel Castro, uma figura mundial que construiu um Estado comunista à porta dos Estados Unidos e por meio século desafiou os esforços dos EUA para derrubá-lo, morreu na sexta-feira, aos 90 anos.
O governo cubano declarou um luto de nove dias e suspendeu a venda de álcool e até mesmo os jogos de beisebol.
O grupo dissidente Damas de Branco decidiu evitar tensões nesta semana.
"Não marcharemos hoje para que o governo não tome isso como uma provocação e para que eles possam fazer suas homenagens", disse neste domingo a líder do grupo, Berta Soler. "Nós respeitamos o luto dos outros e não vamos celebrar a morte de qualquer ser humano."
O grupo, originalmente formado em apoio aos maridos presos por fazem oposição política, realiza marchas de protesto em Havana após a missa em uma Igreja Católica a cada domingo nos últimos 13 anos.
Essa é uma expressão rara da dissidência tolerada pelo governo comunista, apesar de, nos últimos meses, a polícia ter suprimido os manifestantes em suas casas, impedindo que as manifestações ocorressem.
A diferença desta semana é que os próprios dissidentes optaram por não tentar, disseram três líderes da oposição.
As ruas de Havana ficaram calmas desde a morte de Fidel Castro, com pessoas expressando o orgulho nacional pendurando mais bandeiras cubanas do que o normal.
Lysset Perez, uma vendedora de amendoim de 44 anos, se vestiu neste domingo com as cores nacionais e amarrou uma bandeira com uma estrela e as cores azul, vermelha e branca na cabeça.
"É calmo, mas um pouco sombrio, pois Cuba é música e, por nove dias de luto, não haverá música", disse Perez. "Há calma e tristeza, se não fosse Fidel e a revolução, o povo não seria como é: educado e culto".